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VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA O FUTURO? |QUEM ESTÁ NO COMANDO? | Rod Brafman e Beckstrom | Estrela e Aranha?

Atualizado: 17 de nov. de 2023

Quem está no comando? A resposta para essa pergunta você irá ver neste incrível livro sobre empreendedorismo, escrito por Rod Ori Brafman e Beckstrom.


O autor inicia o livro contando como a MGM e outras gigantes corporativas como Columbia, Disney, Warner Brothers, Sony, BMG, foram derrotadas pela tecnologia P2P (peer-to-peer) desenvolvida por um calouro universitário no porão de sua casa.




A ideia era compartilhar arquivos entre usuários pela rede de internet. Shawn Fanning, apelidado de Napster, revolucionou a indústria fonográfica.


A MGM e outras empresas do setor partiram com tudo para cima do Napster e a sua empresa Grokster. A estratégia era simples, pois a MGM já estava acostumada combater outras empresas centralizadas:

a) coagir os usuários com identificação e processos criminais por violação de direitos autorais;
b) destruir a Grokster e o Napster.

Entretanto, desprezaram a descentralização da tecnologia P2P, a qual as pessoas compartilhavam de qualquer parte do mundo arquivos entre si, e que ainda que fechassem a Grokster, outras empresas surgiram ou o Napster migraria para outros locais fora do alcance da jurisdição dos EUA e da Europa, pois a tecnologia não necessitava de uma sede, ou mesmo de uma dispendiosa estrutura para funcionar, uma vez que os usuários eram responsáveis por alimentar o sistema de compartilhamento.


A MGM ganhou o processo na Corte norte-americana, mas não venceu o Napster. Pelo contrário, a empresa se tornou mais descentralizada ainda, novas versões como o Kazaa, Kazaa Lite, emulem, Torrent, e entre outras, se espelharam em locais fora de jurisdição, sem sede. Algumas inclusive com criadores anônimos.


Além do mais, toda essa briga gerou uma grande publicidade gratuita da tecnologia; ao invés de diminuir os downloads, os usuários continuaram a baixar, na verdade aumentaram os downloads ilegais. Como resposta, as gravadoras investiram em publicidade ameaçadoras para tentar desestimular os jovens, mas tudo em vão, o mundo fonográfico e do cinema nunca mais seria o mesmo, e as empresas estavam resistindo às mudanças.


O erro da MGM foi combater uma empresa descentralizada da forma tradicional, pois assim como uma estrela do mar, atacar diretamente uma empresa descentralizada só a torna mais descentralizada.


O livro faz uma comparação entre as organizações centralizadas (Aranha) e as descentralizadas (estrela-do-mar): A aranha possui pernas e todo o comando vem da cabeça, ela até sobrevive sem algumas pernas, mas nunca sem a cabeça - combater uma aranha é somente alcançar a cabeça e destruir; uma estrela-do-mar é um conjunto de células em cooperação, quando um braço se mexe ele tem que convencer os demais a sincronizar o movimento, não há um cérebro em que se cortado ao meio mate a Estrela-do-mar, pelo contrário, algumas espécies ao serem divididas elas geram uma nova estrela-do-mar.


O autor conta a história de Great Barrier Reef, na Austrália, em que sofriam com proliferação de estrela-do-mar. Vários mergulhadores decidiram criar o grupo chamado de OUCH, eles mergulhavam e cortavam as estrelas ao meio para matá-las - o resultado é que eles estavam multiplicando o problema. Até que entenderam que só havia uma solução: reduzir a poluição da água para parar o aumento de temperatura da água e assim equilibrar o meio-ambiente.


Ainda, o autor vai falar sobre vários exemplos em que as empresas centralizadas entram em conflito com as descentralizadas, e como o resultado pode ser catastrófico para as empresas Aranha quando não entendem a forma descentralizada da adversária.


Entre os exemplos está o dos espanhóis e a dominação dos incas e astecas, ao usarem a estratégia de matar o líder e desestruturar a civilização. E, como isso não funcionou com os Índios Apaches, pois os apaches não seguiam uma hierarquia, seus líderes eram formados por ações, em que os demais decidiam seguir pela experiência, não havia uma obrigação. Assim, matar um líder não desestruturava a civilização, outro surgia no lugar. Ainda, os Apaches eram adaptáveis, não defendiam um território, tornavam-se nômades, desta forma, destruir uma aldeia em nada tinha efeito.


Ao final, o autor contou como os Apaches sobreviveram por décadas. Até a expansão norte-americana - no qual os colonizadores tiveram a ideia de tornar os Apaches centralizados, de uma forma simples, deram vacas para os Nan'ts (líderes).


Esses líderes, passaram a serem responsáveis pelo controle das vacas, agora os Apaches não seguiam pelo exemplo, eles tinham propriedade e essa propriedade era distribuída pelos líderes, começaram as insatisfações com a forma que era decidido a divisão, os Apaches foram se centralizando, havia o que defender, surgiram conflitos internos e ambições nos clãs - centralizar os Apaches lhes causaram a ruína.


Outra história contada pelos autores, foi a pergunta sem resposta: Quem é o presidente da internet? Harrison se tornou CEO da Netcom em 1995, e, ao buscar investidores na França, se deparou com um problema: os franceses não compreendiam a descentralização da internet, eles queriam saber quem era o Presidente da internet.


Em 1935, Bill Wilson era um alcoólatra, já havia consultado todo tipo de especialista, mas nada. Foi então que percebeu que poderia obter ajuda de outras pessoas, surgiu o AA. Bill tomou uma decisão crucial para o sucesso do AA, ele renunciou ao controle. Qualquer pessoa poderia fundar uma célula do AA em qualquer lugar, com suas próprias alterações.

O autor conta ainda, que o AA quase entrou em crise com o lançamento do livro The Big book, do AA, o qual alcançou patamares de venda elevados e gerou tanta receita que a organização não sabia como investir, tendo decidido reformar a sede, o que irritou muitas células pelo fato de que não importava o local das reuniões, mas a sobriedade. Isso causou muitos problemas internos e rupturas com a Alcoholics Anonymous World Services, Inc.


Outro tema intrigante trazido pelos autores é sobre a descentralização da Al Qaeda, como ela é centrada pela ideologia. Desta forma, quando uma célula faz um atentado que dá certo, outras células tendem a replicar, mas não há um líder central e nem uma sede. Daí a dificuldade do FBI em combater a Al Qaeda.


O autor explica ainda, que os Estados Unidos, ao justificar suas ações para capturar Osama Bin Laden, deu mais publicidade para as ações do terrorista, e influenciou indiretamente a ação de outras células. Como essa perseguição levou a Al Qaeda a migrar para regiões pobres da África e como eles proliferam sua ideologia entre quem não tinha nada em meio a pobreza.


Os autores ainda destacam, como ações de pessoas que se importavam com essa realidade nas favelas sul africanas, se tornaram mais eficientes do que o forte poderio de inteligência norte-americano.


Esses samaritanos, com boa vontade e empatia, apenas se importavam com as pessoas e ao fazerem ações positivas na comunidade, deram perspectiva às pessoas, mudando a ideologia do local, afastando pessoas da ideologia da Al Qaeda.


Da mesma forma, fala sobre o Skype criado pelo Napster. O poder do eBay da sua união com o PayPal, o site Craigslist, Wikipédia, todos sites em que os usuários são que contribuem gratuitamente para o sucesso da empresa, uma forma descentralizada, em que a própria comunidade se autorregula.


O autor trás as diferenças entre uma empresa aranha e estrela-do-mar:

a) um sistema aberto não possui inteligência central, a inteligência está espalhada pelo sistema; sistema aberto tem a capacidade de mudar rapidamente;
b) empresas descentralizadas avançam às escondidas; à medida que as indústrias se tornam descentralizadas, as receitas gerais diminuem, menos lucro;
c) se você atacar diretamente uma descentralizada, ela se descentralizará ainda mais e provavelmente migrará para fora do seu alcance, ou se dividirá em um problema ainda maior; não há uma divisão rígida de funções na empresa descentralizada;
d) se você retirar uma unidade, a organização não será afetada; o poder é distribuído entre os membros;
e) não é possível saber o número exato de empregados;
f) cada unidade são auto financiadas; grupos de trabalho se comunicam entre si, não precisam de intermediários.

As Bases de sustentação das estrela-do-mar:

a) círculos, diversos grupos independentes e autônomos, que se proliferam com ideologias compartilhadas;
b) o catalisador, misture nitrogênio e hidrogênio em um recipiente, feche e no dia seguinte, observe que nada acontecerá, mas se você acrescentar ferro, terá amônia, o mais legal é que amônia não contém ferro, mas somente hidrogênio e nitrogênio - catalisador impulsiona a ideia, e se afasta para deixar o caminho livre para o crescimento, assim como o criador anônimo do Emule;
c) ideologia é a cola que mantém a empresa descentralizadas unidas; a rede preexistente, uma plataforma que une as pessoas ajuda as descentralizadas;
d) o campeão, diferente do catalisador se mostra implacável em promover a ideia, não são sutis como os catalisadores.

O autor destaca a importância dos catalisadores e traz as ferramentas que devem possuir: interesse natural por outras pessoas; mapeamento das pessoas e como elas se encaixam em sua rede de contato, de forma a juntar as pessoas certas; desejo de ajudar; paixão pela ideia; ir ao encontro das pessoas, aqui o autor ressalta Carl Rogers, psicólogo evitava usar com seus pacientes conselhos do tipo especialistas (você tem que fazer ou parar de fazer), pois isso apenas torna a pessoa mais introspectiva.


Por isso, o psicólogo preferia abordar o reconhecimento da experiência do paciente, quando alguém diz que quer sair do emprego, ele responde "imagino que seja como estar em uma prisão trabalhar assim", automaticamente a pessoa se sente aberta a falar e a chegar sozinho na conclusão óbvia de que talvez precise mudar de emprego - ele alerta que quando aconselhamos alguém criamos uma hierarquia de poder, isso é prejudicial.

Os autores continuam a elencar as características de um catalisador enumerando a:: inteligência emocional; confiança; inspiração; tolerância à ambiguidade; abordagem de transferência de controle; e a hora certa para se retirar.

Neste sentido, cabe trazer a citação do livro, dita pela empresária (Débora Alvarez Rodrigues):

"A empresa era muito hierárquica. Precisamos atrair as pessoas para uma conversa e incentivá-las a serem inovadoras e criativas. As pessoas em posição de poder precisavam compreender que as grandes ideias partem de pessoas que estão mais próximas das próprias ideias"

Como combater uma descentralizada?

a. Mude a ideologia - implemente mudanças do ambiente - se a MGM entendesse que as coisas estavam mudando e tivesse se concentrado em adotar a tecnologia P2P para distribuir suas músicas e se concentrado em espetáculos com performances ao vivo, ou mesmo itens acessórios, talvez estivessem lucrando mais com o mercado fonográfico;
b. Centralize a descentralizada - as estrelas-do-mar quanto mais descentralizada, menor é a receita, se ela passa a gerar receita, ela automaticamente tende a se centralizar, pois uma empresa precisa de uma sede, conta bancária para receber, legalidade…;
c. Se você não pode derrotá-la, descentralize você a sua empresa;

Toda essa abordagem chega ao que o autor chamou de combinação especial, ou seja, empresas híbridas, fruto do equilíbrio entre a descentralização e a centralização.

Ele afirma que é possível descentralizar parte do negócio, cita os anos de ouro da General Motors e sua forma independente e autônoma de cada unidade de produção, o que a tornava competitiva; bem como, destaca o fato de que o comodismo levou a empresa perder mercado para o método da Toyota de encontrar um equilíbrio ideal, ao dar autonomia e igualdade entre os membros da linha de montagem para implementar ideias e solucionar problemas.

Por fim, conclui falando do "novo mundo": a "deseconomia" em escala, ou seja, como as empresas têm economizado em investimentos e estruturas graças ao espírito colaborativo de seus usuários.

Vemos isso em empresas como Amazon, Shoope, Google, Wikipédia, onde os próprios usuários avaliam os produtos, moderam a comunidade de usuários, divulgam ou mesmo contribuem gratuitamente para o sistema;

Ainda, podemos ressaltar: o efeito da rede dos usuários; como esse aparente caos é poderoso em organizar as coisas, o poder de gerar conhecimentos multifacetados em prol dos produtos; todos desejam contribuir; os administradores das empresas estão renunciando ao controle e se tornando catalisadores; os valores são a própria organização; avaliação, monitoramento e gerenciamento; como diz o autor: nivele-se ou permita-se ser nivelado.

O livro é de empreendedorismo, mas os conceitos são importantes para refletirmos. É bom ter essa compreensão de mudança das relações de produção e trabalho. Este resumo, apenas traz um panorama para você. Incentivamos que você leia o livro para tirar suas próprias conclusões.


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