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Uma Mente Rígida e um Coração Quente | MARTIN LUTHER KING JR | Sermão nº 1

"Uma das grandes tragédias da vida é que raras vezes os homens transpõem o abismo entre o que praticam e o que professam, entre fazer e dizer. Uma esquizofrenia persistente que deixa muitos de nós tragicamente divididos contra nós mesmos […]. Quantas vezes nossas vidas são caracterizadas por uma alta pressão sanguínea de credos e uma anemia de atitudes! Falamos com eloquência sobre nosso compromisso  com os princípios do cristianismo, mas nossas vidas estão saturadas de práticas do paganismo. Proclamamos nossa devoção à democracia, mas lamentavelmente praticamos o oposto do credo democrático. Discursamos em tom apaixonado sobre a paz, mas ao mesmo tempo nos preparamos para a guerra com toda a dedicação. Fazemos fervorosas promessas de trilhar o caminho elevado da justiça, e depois seguimos sem hesitar o reles caminho da injustiça. Essa estranha dicotomia, esse angustiante abismo entre o que deveria ser e o que é, representa o tema trágico da peregrinação do homem na Terra."

Ninguém na história americana abordou de modo mais eloquente ou promoveu de maneira mais efetiva os ideais de liberdade, justiça e igualdade que o reverendo dr. Martin Luther King Jr. 





Seu impacto decisivo nas leis, no discurso público e na cultura torna-se ainda mais impressionante quando se leva em conta que ele era um cidadão comum, que nunca concorreu a um cargo público e jamais teve qualquer cargo oficial no governo. 


Prepare-se para nossa série de sermões de um dos maiores pensadores norte americano do século XXI, pois trouxemos o primeiro sermão do pregador Martin Luther King.


Salientamos que este sermão, faz parte de uma coletânea de 12 sermões, todos proferidos na Igreja Batista da Dexter Avenue. 


Pois a igreja teve de se firmar como a consciência reparadora das igrejas americanas em relação ao racismo, o que podemos chamar de: o pecado original dos Estados Unidos. Assim, quando Martin Luther King Jr., o grande pregador dos Estados Unidos, falou do púlpito da Dexter Avenue durante os dias de boicote aos ônibus em Montgomery, e depois ao lado do pai na Igreja Batista Ebenezer.



Esse anseio pela liberdade foi institucionalizado pelo Movimento independente da igreja negra dos séculos XVIII e XIX e incorporado aos ministérios dos antepassados de King, aos quais ele se refere na declaração autobiográfica citada.


Seu bisavô materno, Willis Williams, foi um pregador durante a escravidão, e pode ter desempenhado um papel relevante na instituição de uma igreja negra local independente. Seu avô, A. D. Williams, o segundo pastor da Igreja Batista Ebenezer, foi um pregador ativista que ajudou a criar a filial da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês) em Atlanta e, como seu presidente, liderou a luta para estabelecer a primeira escola secundária da cidade para crianças afro-americanas. Martin Luther King Jr. e seus irmãos estudaram na escola Booker T. Washington, que só existia por causa do ministério ativista de seu avô. Ademais, poucas pessoas sabem que Martin Luther King, pai de King Jr. e terceiro pastor da Ebenezer, comandou uma campanha pelo direito ao voto em Atlanta em 1935, trinta anos antes do filho e outros criarem as condições necessárias para a aprovação da Lei do Direito ao Voto. Além disso, “Papai King”, como era carinhosamente chamado, já lutava pela equiparação salarial dos professores décadas antes de seu filho e outros liderarem uma guerra não violenta contra a segregação em si.


Nestes dias turbulentos de incerteza, os males da guerra e da injustiça econômica e racial ameaçam a própria sobrevivência da raça humana. De fato, vivemos um momento de grave crise. Os sermões que traremos em nosso canal, têm como pano de fundo a crise atual, e foram selecionados porque, de uma forma ou de outra, lidam com os problemas pessoais e coletivos que ela apresenta. Neles, procurei expressar a mensagem cristã sobre como lidar com os males sociais 


No vídeo de hoje vamos conversar sobre as ideias de Martin Luther King Jr. Extraídas do primeiro sermão de seu livro “A dádiva do Amor”. 


Explicaremos sobre a importância de UMA MENTE RIGOROSA E UM CORAÇÃO SENSÍVEL na visão de Martin. 


Ante de começar quero que ouça essa frase retirada da Bíblia, Mateus 10:16:


"Portanto, sede sensatos como as serpentes e inofensivos como as pombas." 

Pois ela irá fundamentar as ideias de hoje. Por isso, inscreva-se no canal, e deixe seu like e seu comentário, isso é muito importante para continuarmos levando conteúdos de valor para seu dia. 


Segundo Martin Luther King Jr, o homem forte mantém uma combinação viva de opostos fortemente demarcados. Não é comum os homens conseguirem esse equilíbrio de opostos. Os idealistas em geral não são realistas, e os realistas em geral não são idealistas. Os militantes não costumam ser conhecidos por serem passivos, nem os passivos por serem militantes. Raras vezes os humildes são assertivos ou os assertivos são humildes. Mas o melhor na vida é uma síntese criativa de opostos em harmonia frutífera. O filósofo Hegel disse que a verdade não é encontrada nem na tese nem na antítese, mas em uma síntese que reconcilie as duas.


Assim, Jesus havia reconhecido a necessidade de combinar opostos. Ele sabia que seus discípulos enfrentariam um mundo difícil e hostil, que confrontariam a recalcitrância de governantes políticos e a intransigência


Então ele lhes disse: “Eis que eu vos envio como ovelhas ao meio de lobos”. E forneceu uma fórmula para a ação: “Portanto, sede sensatos como as serpentes e inofensivos como as pombas”.


Devemos combinar a prudência da serpente com a suavidade da pomba, uma mente rigorosa com um coração sensível.


Para King Jr, devemos considerar, primeiro, a necessidade de uma mente rigorosa, caracterizada por um pensamento incisivo, uma avaliação realista e um julgamento decisivo. Uma mente rigorosa é afiada e penetrante, rompe a crosta de lendas e mitos e separa o verdadeiro do falso. O indivíduo de mente rigorosa é astuto e perspicaz. Tem uma característica forte e austera, que garante firmeza de propósito e solidez de compromisso.


Quem duvida que esse rigor da mente seja uma das maiores necessidades humanas? Raras vezes encontramos homens que preferem se engajar em pensamentos rigorosos e sólidos. Existe uma busca quase universal por respostas fáceis e soluções precipitadas. Nada incomoda mais algumas pessoas do que ter de pensar.


Para ele, essa tendência predominante à permissividade explica-se pela inacreditável credulidade do homem. Considerem nossa atitude em relação aos anúncios publicitários. Somos facilmente levados a comprar um produto. Os anunciantes há muito descobriram que a maioria das pessoas tem uma mente permissiva e capitalizam essa suscetibilidade por meio de slogans habilidosos e eficazes.


O tempo todo nossa mente é invadida por legiões de meias verdades, preconceitos e fatos falsos. 


Indivíduos permissivos tendem a acreditar em todos os tipos de superstição. Sua mente é invadida o tempo todo por temores irracionais, que variam do medo da sexta-feira 13 ao medo de um gato preto atravessando a rua. Alguns hotéis utilizam artifícios para que as pessoas lidem com suas superstições ao pular o 13º andar, pois as pessoas o acusam de má sorte, uma ironia, eis que embora o nome mude para confortar o cliente, a realidade esconde o tão temido 13º andar, a superstição é tapeada por um fino véu em que nós nem paramos para questionar sobre o porquê dessa necessidade de se enganar. 


O homem permissivo sempre teme a mudança. Sente segurança no status quo e tem um medo quase mórbido do novo. Para ele, a maior dor é a dor de uma nova ideia. 


A permissividade normalmente permeia a religião. É por isso que a religião às vezes rejeita uma nova verdade com uma paixão dogmática. Por meio de decretos e intimidações, inquisições e excomunhões.


Isso também levou a uma crença generalizada de que existe um conflito entre ciência e religião. Mas não é verdade. Pode haver um conflito entre religiosos permissivos e cientistas rigorosos, mas não entre ciência e religião. Seus respectivos mundos são diferentes, seus métodos são distintos. A ciência investiga; a religião interpreta. Cada uma se completa, ao dar ao homem conhecimento e paz de espírito, ao limitar e discutir os limites éticos das descobertas e o futuro da humanidade. 


Martin Luther King Jr, traz ainda uma discussão importante ao afirmar que: Ao capitalizar mentes permissivas, ditadores levaram homens a atos de barbárie e terror impensáveis numa sociedade civilizada. Adolf Hitler percebeu que a permissividade era tão predominante entre seus seguidores que declarou: “Uso a emoção para muitos e reservo a razão para poucos”. Em Minha luta, ele afirmou:


"Por meio de mentiras astutas, repetidas incessantemente, é possível fazer as pessoas acreditarem que o céu é o inferno — e que o inferno é o céu […]. Quanto maior a mentira, mais facilmente se acreditará nela."


A permissividade é uma das causas básicas do preconceito racial e um mal da sociedade contemporânea. .


O preconceito racial é baseado em temores infundados, desconfiança e mal-entendidos. Há aqueles com mente tão permissiva que acreditam na superioridade da raça branca e na inferioridade da raça negra, apesar das rigorosas pesquisas de antropólogos que revelam a falsidade dessa noção. Há pessoas permissivas que argumentam que a segregação racial deve se perpetuar porque os negros ficam para trás nos padrões acadêmicos, de saúde e morais. Não têm perspicácia para perceber que esses padrões de desempenho são o resultado da segregação e da discriminação. Não reconhecem que é racionalmente infundado e sociologicamente insustentável usar os efeitos trágicos da segregação como argumento para sua continuidade.


Há pouca esperança para nós enquanto não nos tornarmos lúcidos o bastante para nos libertarmos dos grilhões do preconceito, das meias verdades e da ignorância absoluta. As condições do mundo atual não nos permitem o luxo da permissividade. Um país ou uma civilização que continua a produzir homens de mente permissiva está comprando à prestação sua própria morte espiritual.


E andamos vivendo na cultura da permissividade, cada vez mais as pessoas estão se fechando em grupos ideológicos e ignorando qualquer encontro com as idéias opostas, estamos idolatrando meias verdades, relativizando o bem e mal, entrando em um permissividade perversa, em que indivíduos prega a paz na fala dele, mas torce que o seu semelhante que pensa contrário a ele, seja brutalmente atingido com a mesma força que o permissivo diz combater. Como se a maldade só existisse entre o time da cor laranja, logo se dele forem a desgraça sofrida, está tudo bem.. 


Mas não devemos nos contentar em apenas cultivar uma mente rigorosa. O evangelho também exige um coração sensível. Rigor sem sensibilidade é uma coisa fria e distante, que mantém a vida em um inverno perpétuo, sem a calidez da primavera e o calor ameno do verão.


A pessoa com um coração endurecido nunca ama de verdade. Ela se envolve em um utilitarismo grosseiro, que avalia os outros basicamente de acordo com a serventia deles. Nunca usufrui da beleza da amizade, pois é fria demais para sentir afeição pelo outro, e egocêntrica demais para compartilhar a alegria e a tristeza com o outro. Torna-se uma ilha isolada. 


O indivíduo de coração endurecido nunca vê as pessoas como pessoas, mas como meros objetos ou engrenagens impessoais numa roda sempre em movimento. Na imensa roda da indústria, vê os homens como mão de obra. Na roda das massas que vivem em uma grande cidade, vê os homens como dígitos numa multidão. Esse indivíduo despersonaliza a vida.


Por isso, diante da segregação racial nos Estados Unidos, Martin afirmou que como negros, naquele contexto histórico, deveriam de reunir uma mente rigorosa e um coração sensível se quisermos avançar de forma criativa em direção à meta da liberdade e da justiça. 


Magnificamente, King alertou que os indivíduos de mente permissiva entre nós acham que a única maneira de lidar com a opressão é se ajustando a ela. 


Preferem aguentar os males que sofrem, como mencionou Shakespeare, a fugir e enfrentar males que desconhecem. Eles aquiescem e se resignam à segregação. Preferem continuar oprimidos, como muitos dos hebreus que por 40 anos temeu mudar a mentalidade e encarar o deserto em busca da terra prometida.


Além disso, segundo Martin Jr, devemos entender que aceitar passivamente um sistema injusto é cooperar com esse sistema e, portanto, se tornar cúmplice de seus malefícios.


Neste tipo de embate ideológico, obviamente há  indivíduos de coração endurecido e amargo que combateriam o oponente com violência física, corroídos pelo ódio. Porém, a violência gera apenas vitórias temporárias; ao criar muito mais problemas sociais do que soluções, a violência nunca resulta numa paz permanente.  Por isso ele estava convencido de que, se sucumbissem à tentação de recorrer à violência em sua luta pela liberdade, as gerações vindouras seriam as vítimas de uma longa e desolada noite de amargura, e assim, o principal legado para elas seria um reinado interminável de caos. 


Por meio da resistência não violenta,  King Jr acreditava serem capazes de se oporem ao sistema injusto e, ao mesmo tempo, amar os que mantêm esse sistema. Assim, afirma que deviam trabalhar apaixonada e incansavelmente por uma plena estatura como cidadãos, mas que nunca se diga, que para conquistá-la tiveram de usar os métodos inferiores de falsidade, malícia, ódio e violência.


Desta forma, o pastor Martin Luther King Jr, propôs uma terceira via pela busca da  liberdade: a resistência não violenta, que combina a mente rigorosa com o coração sensível, evitando a complacência e a inação das mentes permissivas e a violência e o ressentimento dos corações endurecidos.


Afirmou que: Deus tem dois braços estendidos. Um é forte o bastante para nos cercar com sua justiça, e o outro, generoso o suficiente para nos abraçar com sua graça. 


E assim, encerra dizendo: 


Sou grato por venerarmos um Deus que é ao mesmo tempo rigoroso e sensível. Se Deus fosse apenas rigoroso, seria um déspota frio e sem compaixão sentado num céu distante “a tudo contemplando”. Mas, se tivesse apenas o coração sensível, Deus seria condescendente e sentimental demais para intervir quando as coisas dão errado, e incapaz de controlar o que fez.  Deus não tem um coração endurecido nem uma mente permissiva.  

Quando os dias escurecem e as noites se tornam lúgubres, podemos agradecer ao nosso Deus por combinar em sua natureza uma síntese criativa de amor e justiça, que nos conduzirá pelos vales sombrios da vida e pelos ensolarados caminhos da esperança e da realização. 


Ficamos por aqui, espero que tenha gostado desta grandes palavras de sabedoria e podido refletir sobre a ideia de Martin Luther King Jr, sobre uma sociedade mais igualitária e ao mesmo tempo que olhasse para o futuro, para o desenvolvimento do país como nação. Principalmente, estabelecer uma mudança de paradgma dentro da segregação racial que por séculos manchou os ideais de Liberdade, Igualdade e Justiça norte-americano, e deixou profundas marcas na população negra norte-americana. Podemos ir mais além, e ler com atenção os sermões de King, com um olhar crítico para o Brasil e qualquer sociedade em que a discriminação está presente, eis que suas palavras falam de respeito, amor e compaixão, vai além dos discursos vazios que encontramos hoje, que tratam varias questões de preconceito mais como uma forma de autoafirmação, do que cooperação entre pessoas.  




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