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Sêneca | Sobre os Perigos com as Associações com o Próximo [Estoicismo, Carta CIII]

Atualizado: 23 de dez. de 2023

Neste artigo vamos trazer os conselhos de Sêneca a Lucílio para não se preocupar excessivamente com eventos catastróficos improváveis, como incêndios ou edifícios desabando, que podem ocorrer, mas são raros. Em vez disso, ele sugere que Lucílio concentre sua atenção nos perigos mais iminentes e cotidianos, provenientes das interações humanas.


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Você já se sentiu cansado e preocupado após ler uma notícia nos jornais? Algo que aconteceu lá na China parece estar acontecendo no seu bairro. Estamos sempre buscando informações sobre tudo, acumulando os sentimentos negativos delas em nossos corações. 





Por isso esta carta é importante, ela nos chama para focar nas ameaças reais que enfrentamos diariamente em nossas vidas, como conflitos interpessoais, relacionamentos tóxicos, estresse no trabalho, por exemplo, algo presente em nosso dia a dia. Sêneca está destacando a importância de estar alerta para os perigos que podem surgir das relações humanas, já que são esses desafios mais sutis e persistentes que podem ter um impacto mais significativo em nossas vidas. 


Por isso, ele inicia sua carta dizendo: 

Por que você está procurando por problemas que talvez possam vir a seu encontro, mas que, de fato, podem não chegar a seu caminho? Quero dizer incêndios, edifícios caindo e outros acidentes do tipo que são meros eventos e não tramas contra nós, sem o propósito deliberado de nos causarem mal. Melhor faria em procurar evitar os perigos reais que nos espreitam na intenção de nos apanhar à traição. Os acidentes, embora possam ser sérios, são poucos e raros – como naufragar ou cair de uma carruagem. Mas é do próximo que vem o perigo cotidiano de um homem. Equipe-se contra isso, vigie isso com um olho atento. Não há nenhum mal mais frequente, nenhum mal mais persistente, nenhum mal mais insinuante.

Assim, o primeiro conselho de sua carta é evitar A Futilidade das Preocupações Desnecessárias.



"Por que você está procurando por problemas que talvez possam vir a seu encontro, mas que, de fato, podem não chegar a seu caminho?"


Por que vamos ficar conjecturando sobre o que pode acontecer? Não é mais agradável a mente resolver as questões urgentes que podemos resolver e se abster de trazer para dentro de nossas vidas toda a carga de injustiça do mundo lá fora? Que tal você evitar um pouco as redes sociais e aqueles momentos que chamamos sagrado de se informar sobre o mundo? 

Pense no tanto de pessoas que estão por aí discutindo nas redes sociais sobre a eleição do novo presidente argentino Javier Milei, por exemplo, como se ele estivesse estabelecendo a política que seu bairro precisa. Alivie a sua mente de preocupações desnecessárias, ao invés disso foque sua energia para as suas prioridades. 


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No segundo momento Sêneca fala sobre A Máscara da Humanidade e a Besta Interior de cada um de nós, advertindo sobre a ilusão da aparência e destaca a capacidade do ser humano de causar danos imediatos, muitas vezes escondidos por trás de uma máscara social. Ele nos lembra da importância de não subestimar as sutilezas das relações interpessoais.


Ao dizer o seguinte:


Mesmo a tempestade, antes de se iniciar, dá um aviso; casas trincam antes de caírem; e a fumaça é o precursor do fogo. Mas o dano provocado pelo homem é instantâneo e de quanto mais próximo ele vem, mais cuidadosamente está escondido. Você está errado em confiar apenas na aparência e na fisionomia daqueles que encontra. Eles têm o aspecto de homens, mas almas de bestas. A única diferença é que os animais selvagens lhe causam dano ao primeiro encontro, depois que passaram por nós não voltam para nos perseguir. Pois nada incita os animais a causar dano, exceto quando a necessidade os obriga: é a fome ou o medo que os instiga a lutar. Mas o homem se delicia em arruinar o homem.

Mas qual o nosso Dever Humano nas Relações?


Evite, nas suas relações com os outros, prejudicar, para que não seja prejudicado. Aconselha Sêneca. O segredo  é refletir sobre o perigo que enfrentamos nas mãos dos outros. Isso é crucial. Sêneca nos orienta sobre nossos deveres como seres humanos. Ele nos lembra de celebrar as alegrias alheias e oferecer compaixão nos momentos difíceis, estabelecendo uma base sólida para relações saudáveis.



Para estoicismo o auxílio mútuo é um dos princípios que movem as virtudes do homem, nós nascemos para melhorar nossa comunidade, para cooperar e prosperar como seres humanos. Ainda que devamos ter bom discernimento sobre os homens que agem de forma vil, falsa e maldosa, sem escrúpulos. 


Temos que ser capaz de autodefesa, mas segundo Sêneca, devemos fazer uso disto quando não for possível resolver de outra forma, eis que o conflito apenas gerará outro conflito, por isso, o ideal é que busque uma vida mais privada, que não busque ostentar e nem se aparecer ao ponto de despertar a raiva e a inveja dos demais homens sem caráter e inescrupulosos. 


Levar uma vida discreta, te possibilita menos dissabores e menos conflitos para ter de lidar, por consequência, menos inimigos para ter ferir. 


E assim ele prossegue: 


Você deve, no entanto, refletir o perigo que você corre na mão do homem, para que você possa deduzir qual é o seu dever enquanto homem. Evite, nas suas relações com os outros, prejudicar, para que não seja prejudicado. Você deve se alegrar com todos em suas alegrias e simpatizar com todos em seus problemas, lembrando dos serviços que deve prestar e os perigos que deve evitar.
E o que você pode alcançar vivendo uma vida dessas? Não necessariamente a imunidade contra danos, mas pelo menos liberdade de engano; pelo menos consegue que não o tomem por tolo. Dessa forma, quando for capaz, refugie-se na filosofia: ela irá cuidar de você em seu seio e em seu santuário você estará seguro ou, pelo menos, mais seguro do que antes. As pessoas colidem apenas quando viajam pelo mesmo caminho.
Mas essa mesma filosofia nunca deve ser alardeada por você; pois a filosofia quando empregada com insolência e arrogância tem sido perigosa para muitos. Deixe-a retirar suas falhas, em vez de ajudá-lo a criticar as falhas dos outros. Não deixe que ela se afaste dos costumes da humanidade, nem faça com que ela condene o que ela mesma não faz. Um homem pode ser sábio sem alarde e sem provocar inimizade.




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