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Sobre os Vícios e a Procrastinação para o Estoicismo

Atualizado: 17 de nov. de 2023

Cada grão de areia que escorre pelo ponteiro do tempo é um segundo da sua vida, escorrendo vagamente, sem chance alguma de retorno. Imagine esses grãos como uma metáfora do tempo que nos é tão precioso. Agora, vamos refletir: quantos desses preciosos grãos estão manchados pelos vícios que te prendem em suas garras afiadas, desde o tabaco até a armadilha das redes sociais, da pornografia e do álcool?



Todas as pessoas enfrentam tentações que parecem gigantes e invencíveis. A pergunta que ecoa em nossas mentes é: por que, mesmo cientes dos danos, acabamos sucumbindo a essas armadilhas? Será que somos verdadeiramente escravos desses vícios?

Inúmeras filosofias se debruçaram sobre este assunto, mas nenhuma foi tão direcionada quanto a ancestral sabedoria estóica.

O maior poder que temos está em nossa capacidade de domar os vícios e cultivar virtudes. Com o estoicismo como guia, trilhamos o caminho da autodisciplina, temperança, comportamento justo, coragem, prudência, da liberdade e da verdadeira transformação.

E agora, permitam-me contar-lhes uma história, perdida nas vastas dunas de um deserto distante. Nesse cenário, habitava um príncipe chamado Baltazar. Ele era famoso não apenas por sua inigualável riqueza, que fluía como a areia dourada do deserto, mas também por seus grandes vícios. Baltazar se afundava de cabeça em prazeres momentâneos que, no fundo, não acrescentavam nada à sua vida. Era uma busca incessante para escapar do vazio que assombrava seu coração.

Então, um dia, sob o sol escaldante e o céu límpido, um sábio místico chamado Arkad adentrou o palácio de Baltazar. E, com um simples olhar, o sábio percebeu o que atormentava o príncipe. Com palavras sábias, ele declarou: "Os prazeres que você persegue são meras ilusões efêmeras, como miragens no meio deste vasto deserto. No entanto, dentro de você, meu nobre príncipe, existe um oásis à espera de ser desvendado."

Baltazar, como muitos de nós, encontrava-se enredado em seus próprios vícios.

Nas palavras sábias de Sêneca, a verdadeira escravidão reside na mente, não no corpo. Identificar a origem de nossas paixões incontroláveis é o primeiro passo rumo à verdadeira liberdade.

Não podemos nos apegar ao passado nem divagar no futuro, mas, em vez disso, direcionar sua mente para o momento presente. Essa técnica nos oferece uma chave para a autolibertação sobre nossos próprios vícios. Um vez que para além das correntes físicas e das selas de aço, existe uma escravidão que nos aprisiona de maneira muito mais sutil: a escravidão dos desejos incontroláveis e momentâneos.

É uma realidade que, como nos relembra Sêneca, não é o peso da carga que nos quebra, mas sim a forma como a carregamos. Nós, portadores desses desejos, devemos reconhecê-los como correntes que, de certa forma, escolhemos transportar. Porém, o poder de escolher também nos concede a capacidade de nos libertarmos delas. Afinal, o passado já se esvaiu, e o futuro ainda não desabrochou. Somente no presente temos a capacidade de agir.

Do que adianta ficarmos remoendo o nosso próprio passado, perpetuando as correntes de nossos vícios? Seguindo as palavras de Buda, o aqui e agora é tudo o que temos. Efetivamente possuímos, e é somente ao nos concentrarmos nesse momento presente que conseguimos romper as correntes dos vícios que nos aprisionam em ciclos repetitivos de angústia.

Vícios como o cigarro, o álcool, a pornografia e a procrastinação podem parecer inofensivos, mas, na realidade, frequentemente são os grandes responsáveis pelo cansaço e pela sensação de estagnação em nossas vidas. Cada vez que sucumbimos a esses impulsos, permitimos que essas correntes se apertem ainda mais ao nosso redor. É chegado o momento de nos perguntarmos: que prazer momentâneo vale a nossa liberdade e bem-estar a longo prazo?

Você sabe o que ajuda a sua potência e o que a esgota. Você pode tentar se enganar, ceder às multidões, ir na onda, mas você sabe!

Assim, para não ser surpreendido e ter que tomar uma decisão no momento, prepare-se com antecedência. É preciso agendar o que fortalece os seus valores e evitar com consciência o que esvazia o seu caminho da excelência.

Nesse processo, tente eliminar a preocupação em agradar as outras pessoas, não há sabedoria nisso. O seu foco deve ser em fazer a coisa certa, fazer o que deve ser feito, em prol de sua evolução pessoal, que assim será capaz de enxergar e agir em prol do bem comum. É isso que importa. E você sabe disso!

Como apenas um hábito virtuoso pode desencadear uma série de ações positivas, o oposto também é verdadeiro. Um vício pode fazer você entrar em um ciclo de más escolhas. Além disso, se o vício é cometido de forma frequente, ele pode tornar-se um hábito.

Sêneca disse em sua carta 39, Sobre aspirações nobres, que: “E assim eles são escravos de seus prazeres em vez de apreciá-los; eles até amam seus próprios males, – e esse é o pior mal de todos! É então que se alcança o auge da infelicidade, quando homens não são apenas atraídos, mas até satisfeitos, por coisas vergonhosas, e quando não há mais espaço para uma cura, agora que aquelas coisas que outrora eram vícios se tornaram hábitos”

Lembremos das palavras de Marco Aurélio, que nos alerta para a efemeridade desses prazeres passageiros. Em vez de nos contentarmos com a falsa promessa do imediato, busquemos aquilo que nutre não apenas o corpo, mas também a alma. Cultivemos a virtude e a autodisciplina, direcionando nossa atenção para o que realmente importa em nossas vidas.

Jim Rohn, dizia que “nós somos a média das 5 pessoas com quem mais passamos o tempo”. Em outras palavras, significa que os seus filhos, muito provavelmente, serão um reflexo do que você é em sua essência, você provavelmente é a essência de seus pais, amigos, parentes e colegas de escola e trabalho.

Portanto, é imperativo escolher sabiamente quem constitui o nosso círculo de influência. Se desejamos a elevação, devemos nos cercar de indivíduos que compartilhem dessa mesma busca. É incoerente querer parar de fumar, por exemplo, se continuamos a nos encontrar com pessoas que fumam. O mesmo princípio se aplica a outros vícios, como a bebida alcoólica. O seu lugar está aqui conosco, buscando conhecimento e apoio para se libertar desses vícios que o aprisionam.

Por isso é importante você se inscrever em canais e comunidades como estas do nosso canal, pois assim encontrará pessoas que pensem e valorizem valores sólidos e bases direcionadas ao bem comum e um pensamento crítico sobre as nuances desta sociedade cada vez mais dinâmica e instável.

Assim, devemos ter em mente que a sociedade como um todo está em constante desenvolvimento e com o avanço tecnológico, as coisas estão saindo do controle. Estamos cada vez mais emocionalmente dependentes de atenção, afeto e de dopamina.

As grandes marcas estão cada vez mais especializadas em aplicar a biologia à coleta de dados pessoais para sutilmente manipular seus sentimentos e opiniões. O marketing está cada vez mais feito especificamente para você. Imagine o poder de aplicação das inteligências artificiais neste ramo, imagine uma publicidade criada com base nas informações pessoais que você deixa ao navegar em redes sociais, a possibilidade de personalizar, sugestionar.

O mundo está cada vez mais persuasivo de que você precisa parar e arrastar para cima, curtir, da sua opinião, postar sua vida, esperar aprovação, julgar. Há uma enxurrada de dopamina sendo despejada massivamente em nossa mente.

Estamos cada vez mais exaustos, sozinhos e tristes muitas vezes.

Em uma concepção do estoicismo isso seria uma afastamento das virtudes, ou seja, você está tão focado em coisas que são externas a você, que não se encontram dentro das coisas que são importantes à vida plena, como o comportamento temperado, a prudência, a justiça e a coragem. A conexão com os demais indivíduos pelo auxílio comum e o bem supremo.

Por isso, é importante como primeiro passo, identificar o que é a coisa certa a ser feita? Qual comportamento eu me aproximo mais dos meus objetivos? Quais ações estão mais de acordo com meus valores?

Pesquisas têm mostrado que esta geração embora totalmente disfuncional em relação ao sexo, em razão de comportamentos que causam mais frustruação do que conexão e intimidade, tem sido a geração que menos tem feito sexo, se comparado com outras gerações dos anos 80 a 90. E parte disto, tem sido tanto o excesso de exposição da nudez massivamente nas mídias, bem como no consumo disseminado de pornografia.

Segundo estudo publicado na revista alemã "Jama Psyquiatry", assistir a cenas pornográficas pode atrofiar partes do cérebro, deixando o órgão menos eficiente. Só no Brasil, 22 milhões de pessoas assumem consumir pornografia - 76% são homens e 24% são mulheres. A maior parcela é o público jovem (58% têm menos de 35 anos).

Com base nos resultados obtidos, os pesquisadores constataram que os consumidores de pornografia possuem dificuldades em distinguir o sexo pornográfico do sexo real, por excesso de dopamina, criando um clico vicioso de busca de mais e mais pornografia, além de passarem a associar o sexo com violência, adotar noções não saudáveis sobre sexo e postura sexista e mais agressiva em relação às mulheres.

Da mesma forma, tornou-se crescente os vícios relacionados a jogos de videogames, principalmente relacionados com comunidades virtuais interativas, vícios com jogos e casas de apostas, consumo de álcool, cigarros, entorpecentes, mídias sociais.

Mas como lidar com isso?

Tanto o estoicismo quanto o budismo compartilham a visão de que o sofrimento é uma parte intrínseca da realidade. Contudo, ao invés de fugir dele, essas filosofias nos instigam a confrontá-lo e extrair lições valiosas. Um antigo ditado nos diz que o que resistimos, persiste. O primeiro passo, é reconhecer o que está saindo do seu controle.

O que você está fazendo que está atrapalhando seu objetivo? Por que está atrapalhando? Como você pode se comprometer com você mesmo, para diariamente reduzir este comportamento?

Para isso, use a regra dos 5 segundos. Sempre que precisar fazer algo que não quer, dê um start em sua mente, nos cincos segundos iniciais que lembrar. Diga a si mesmo: vou fazer! e comece, ainda que por poucos minutos.

Marco Aurélio disse, não deixe que a busca incessante por prazeres passageiros e futilidades vazias o distraia de sua busca pelo verdadeiro propósito da vida. Apegar-se a indulgências transitórias pode proporcionar momentos fugazes de satisfação, mas isso não preenche o vazio interior nem promove o crescimento espiritual. Em vez disso, concentre sua atenção na busca da sabedoria, na prática da virtude e no serviço aos outros. Esses são os pilares que sustentam uma vida significativa e duradoura.

Por isso, o próximo passo, é construir para si mesmo o sentimento de disciplina moral, é preciso ter firme o propósito de que certas coisas não se alinham com seus valores e que se livrar dessas amarras é seu dever como homem.

Entenda que não está renunciando a um simples prazer; está optando por um futuro mais de acordo com seus objetivos. Anote essas palavras em seu bloco de notas do celular ou em um diário. Desafie-se, rompa com a zona de conforto que o arrasta de volta ao vício. Explore novos ambientes, faça novas amizades e descubra paixões frescas e enriquecedoras que iluminarão seu caminho.

Nutrir sua mente é essencial. Mergulhe nas histórias de pessoas que superaram desafios semelhantes, pois esses relatos são faróis de inspiração e orientação em meio à tempestade.

Busque compreensão de que o conhecimento é a melhor forma de lidar com vícios e péssimos hábitos. Por isso é importante ler sobre o assunto, se informar, buscar exemplos de pessoas que passaram pelo problema. Construir sobre isso um pensamento crítico verificar a possibilidade de frequentar uma rede de apoio.

Escolha seus companheiros de jornada com a sabedoria de quem escolhe uma boa lanterna que o guiará na escuridão. Pois a verdade é que aqueles que o cercam têm o poder de impulsioná-lo aos céus ou arrastá-lo para o abismo. Cerque-se de almas parecidas aos seus objetivos, de pessoas que compartilham sua visão e seu sonho de ser uma versão melhor de si mesmas. Encontre inspiração naqueles que estão comprometidos em melhorar, assim como você, que está aqui neste canal agora, em busca de crescimento.

Toda vez que algo tentador sussurrar seu chamado, recorde o respeito que deve a si mesmo e os objetivos que escolheu. Lembre-se, você é digno de uma vida sem amarras, livre dos grilhões dos vícios. Não adie a mudança; comece agora, neste exato momento. A cada inspiração, reafirme sua determinação de ser livre. E saiba que não está sozinho neste grandioso caminho.

Epicteto afirmava que se você deseja que suas afeições sejam inabaláveis, apegue-se aos prazeres somente até o ponto que eles estejam de acordo com a razão. Pois o prazer se torna um vício quando não nos separamos dele com facilidade, como se fosse uma noz, ou um figo, que, pela mão aberta e relaxada, caem quando eles atingem o ponto de maturidade. Assim, devemos ter em mente que não é por força ou duração de prazer, mas pela quantidade de danos a que você é capaz de suportar que você deve medir alegria.

O que você considera os maiores prazeres? Comida, sexo, bebida, música, dança, riquezas, ambição, esperança, medo?"

Responder isso é de suma importância, eis que conforme explicou Sêneca: Quando um homem gasta seu tempo com prazeres, ele não é mais senhor de sua própria vontade, mas está sujeito ao destino. Pois o prazer é o inimigo de si mesmo. É a única coisa que, por seu excesso, faz com que deixe de ser prazer, eis que nada é suficiente para quem considera o suficiente pouco. O apetite aumenta com a alimentação, e os prazeres ilusórios do mundo se multiplicam.

Um estóico deve aprender a desfrutar de uma vida simples, a recusar tudo o que seja supérfluo, a não procurar o prazer em objetos que não são necessários, uma vez que para ele, a maior riqueza é a pobreza de desejos.

Desejar demais é um ponto de aflição e deturpação de nossa percepção. Isso causa um vazio em nossos corações e uma constante insatisfação pessoal.

Na era digital em que vivemos, as redes sociais e a tecnologia muitas vezes se transformam em modernos vícios. No entanto, é ao resgatar antigas paixões e passatempos tradicionais, como a leitura, a pintura, atividades manuais em marcenarias, pedalar, tirar um momento para conversar sem uso de dispositivo de mídia, que nossos olhos podem finalmente se desligar das telas. Optar por alternativas saudáveis e prazerosas, que atendam às necessidades profundas de conforto e evasão, é o caminho para conquistar a liberdade dessas correntes digitais, neste sentido um pouco de retiro faz bem.

Ao lembrar da jornada de Marco Aurélio, o imperador-filósofo que enfrentou tentações, entendemos que a resistência não reside apenas em dizer "não", mas em compreender a efemeridade da vida e a força do autodomínio. Assim, em nossos esforços para nos libertar dos vícios, mergulhamos nessas antigas lições e forjemos um futuro autêntico e resiliente.

Sêneca nos lembra de que a maior batalha acontece na mente. É lá que conquistamos os vícios e nos tornamos senhores de nós mesmos. Tudo é percepção nossa. Assim como a Cabala Judaica afirma que o inferno está dentro de nós e manifesta-se através de nosso descontrole emocional, assim também é para os estóicos os vícios. Eles são uma voz irritante que turvam nossa razão, e nos torna escravos de seus desígnios. Levando o homem a ira contra seus semelhantes, a mentir, enganar e roubar para manter seu vício em bebida, entorpecentes ou apostas. Os vícios turvam a nossa capacidade de autodomínio. Você entre escolher estudar e jogar por horas no computador, você abre mão do estudo, mesmo sabendo de sua importância. Mesmo sabendo que não pode mexer no celular durante o trabalho, você o mantém escondido para aquela distração, sente necessidade, urgência, há uma falta e desejo.

Assim, quando as sombras tentarem arrastá-lo de volta à escuridão, lembre das palavras de Epíteto: 'Não somos perturbados pelas coisas, mas pela opinião que temos sobre elas.' O controle está em suas mãos; é você quem dá significado a cada situação.

Tenha em mente que deve buscar criar um código de conduta pessoal, baseado nas virtudes estóicas ou de qualquer outra filosofia ou religião que siga, a partir destes valores você deve verificar quais comportamentos ou sentimentos são mais mal do que bem, o que está contrário ao seus valores? A partir daí deve buscar a fazer o que é preciso, fazer o que é certo.

Ainda que busque ajuda, o primeiro passo é reconhecer a necessidade de mudança. Além disso, deve-se buscar conhecimento e construir um pensamento crítico sobre si mesmo e sobre os vícios em si, manter-se sempre alerta e vigilante, eis que os vícios, assim como a luta entre o bem e o mal, é eterno. Pois ele estará sempre ali, à espreita, aguardando seu momento de fraqueza.

Valorize mais as pessoas que você ama, as belezas da natureza, sinta mais a areia nos seus pés, pare alguns instantes para refletir sobre seu dia, sobre algo belo que pode ver ou ouvir. Vibre boas emoções em si mesmo.



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