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O que podemos Aprender com o Conto A TEORIA DO MEDALHÃO? | MACHADO DE ASSIS | Resumido e explicado

Atualizado: 17 de nov. de 2023

Olá, você já leu o conto de Machado de Assis, intitulado a Teoria dos Medalhões? Se já leu, será que manteve a atenção correta aos conselhos e a sabedoria transmitida? Seja qual for o seu caso, vamos relembrar e trazer para nossa realidade de hoje, os sábios conselhos machadianos para a vida adulta.

A Teoria dos Medalhões, é um conto de Machado de Assis, um diálogo entre pai e filho, logo após este atingir a maioridade civil.

Na conversa, o pai inicia aconselhando ao filho, e na sequência enumera características de uma pessoa considerada "Medalhão", termo que remete a uma pessoa que assim como o objeto a que se refere, ocupa uma posição social de enfeite, uma pessoa admirada pela sociedade alienada, mas sem conteúdo de valor, falastrão social.

Dentro desta crítica feita por Machado de Assis, é possível fazer uma análise inversa dos conselhos do pai, para chegarmos às sabedorias refinadas sobre a vida.

Mas qual seria a crítica de Machado de Assis?




A crítica é a enumeração das características deste perfil de pessoas que rondam as altas sociedade, falando clichês e esbanjando teorias desalinhada a prática, e que gozam de alto prestígio em seu meio, mesmo sem fazer grandes feitos financeiros, sociais ou dignos de nota, a não ser seu trunfo de falastrão.

Por isso, leia o conto como um manual do que se você fizer o oposto, será bem sucedido em felicidade e respeito. Pois não ser um medalhão, é a moral da história.

Antes de entrarmos na história quero apontar aqui que não concordamos com alguns artigos que afirmam que o conto da Teoria dos Medalhões, possuem um ensinamento para a mediocridade. Quem diz isso, certamente não entendeu a crítica da obra.

Este conto em seu contexto mais íntimo do autor, transmite lições para um homem centrado e realista, e não deve ser comparado com esses discursos floridos e românticos, fora da realidade, propagado por aí. Tenha em mente que viver é um desafio, é difícil, às vezes árduo, e que os momentos de felicidades são as vitórias que alcançamos a cada passo. O mundo real é cruel e diferente da teoria, há homens maus lá fora, em meio aos bons. Então, prepare-te para os maus e viva com generosidade e respeito com os bons.

O conto se inicia com o pai chamando o filho para uma conversa sobre a vida que se iniciou após a maioridade civil à época.

Faremos primeiro uma avaliação sobre as críticas ácidas feitas por Machado de Assis quanto ao figurão chamado de “Medalhão”, presente em nosso universo político e das altas rodas da sociedade.

Pois o conselho de Machado de Assis para uma vida plena e feliz é justamente o oposto dos valores de um medalhão. Entendeu? Se quer uma vida boa, deve agir de forma oposta dos conselhos dado ao filho para a figura de um medalhão.

Fique até o final, pois após explicar os conselhos às avessas do pai, explicaremos a verdadeira sabedoria por trás do conto, aquela que talvez você deixou passar.

O pai começa a dizer ao filho que seu sonho era ser um Medalhão, mas que não teve oportunidade. Iniciando a crítica divertida ao ensinar ao seu filho, Janjão, como ele pode se tornar um Medalhão, ou seja, os segredos deste ofício.

O principal conselho do pai para se tornar um Medalhão seria: “Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houver de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente;”

Podemos traduzir este conselho de que um Medalhão em ascensão não deve se aventurar a ter ideias, pois ele não pode contrariar a muita gente, pois ele anseia pela aprovação. Então, para não errar, é melhor não ter ideias próprias, pelo contrário, deve ser flexível para aceitar as ideias dos outros.

Podemos ver aqui que a uniformidade do pensamento aproxima as pessoas, aquele que controla suas ideias e fala, tende a ser mais aceito no grupo. Pois se destacar demais é um caminho para atrito, tudo que alguém subserviente não deseja.

Janjão, questiona como o pai chegou a conclusão de que, ele, o filho, tinha talento para ser um Medalhão.

Momento em que o pai afirma que, não menospreza as habilidades intelectuais do filho, mas apenas pela forma submissa e servil que o filho age diante das situações em que lhe causam descontentamento, demonstram ser qualidades conveniente ao uso deste nobre ofício de Medalhão.

O pai ainda continua, dizendo que pode acontecer que, com a idade, o filho venha a ser afligido de alguma ideia própria, contudo é crucial que suprima essas ideias, porque elas não são compatíveis com o ofício.

O filho concorda, mas questiona que ter ideias é um obstáculo invencível, pois elas vêm de forma espontânea.

Aí o pai explica, há meios de evitar que as ideias lhe surjam. É preciso se abster de ler e de ouvir certos discursos e teorias. Um Medalhão se ocupa de artes que preservam a ignorância, como baralho, dominó e bilhar. Um bom Medalhão se dedica aos passeios, paradas, e está sempre acompanhado, pois andar sozinho é um perigo para que as ideias próprias surjam, isso não deve ser permitido, esse pensar por si só.

“Mas e se eu não tiver amigo pai? Questionou ao pai.”

O pai então dá a solução, você deve se valer do recurso de ir aos locais público frequentado por desocupados (chamado de pasmatórios), locais os quais toda a poeira da solidão se dissipa.

O pai ainda firme em seus ensinamentos, diz que as livrarias, ou por causa da atmosfera do lugar, ou por qualquer outra, razão que lhe escapava no momento. As livrarias não são propícias ao ofício de um Medalhão.

O pai reitera: não obstante, há grande conveniência em entrar em livrarias de quando em quando, mas não como todos acham que é, um medalhão entra de forma espalhafatosa, ele “vai ali falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa, quando não prefiras interrogar diretamente os leitores habituais das belas crônicas de Mazade.”

Essa atitude típica de um medalhão, durante oito, dez, dezoito meses - suponhamos dois anos, - reduz o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. É conveniente que se misture as ideias do senso comum,

O filho continua sua curiosidade questionando ao pai que parece meio sem graça, não podia ele usar enfeites ou adornos para se destacar?

O pai responde: claro que sim, deverá empregar umas quantas figuras expressivas, a hidra de Lerna, por exemplo, a cabeça de Medusa, o tonel das Danaides, as asas de Ícaro, e outras, que românticos, clássicos e realistas, sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação, ou de agradecimento. O pai continua a pintar os clichês que se ocupam de um medalhão, como as citações, frases feitas e adornadas para transparecer inteligência, além de investigações feitas por ele e curiosidades vazias sobre política, arte, moral, costumes, temas “modinhas” das altas rodas.

Janjão então diz, vejo que o senhor condena toda a aplicação dos processos modernos.

O pai rebate, “condeno a aplicação, louvo a denominação”. Traduzindo, o pai afirma que louva a teoria por trás da retórica, contudo, em sua experiência, o que estas pessoas dizem são bonitas de se ouvir, mas não vê aplicação prática, ou seja, resultado. E Aconselha, convêm decorar as terminologias científicas e interrogar pessoalmente os mestres da ciência, não se deve ler o que eles escrevem, é tedioso e cansativo e corre o risco de se ter novas ideias, isso não convém ao medalhão.

O pai guardou mais um conselho ao filho, o dos benefícios da publicidade.

“A publicidade é uma dona loureira e senhoril, que tu deves requestar à força de pequenos mimos, confeitos, almofadinhas, coisas miúdas, que antes exprimem a constância do afeto do que o atrevimento e a ambição. “

Para o pai, o verdadeiro medalhão não se mete a Don Quixote travando batalhas heroicas a bem de quem quer que seja, não, os medalhões tem outra política. Eles não irão se debruçar sobre como criar os carneiros, o medalhão simplifica, ele compra um carneiro e dá-o aos amigos sob a forma de um jantar, cuja notícia não pode ser indiferente aos seus concidadãos. Uma notícia traz outra; cinco, dez, vinte vezes põe o teu nome ante os olhos do mundo. Comissões ou deputações para felicitar um agraciado, um benemérito. Os sucessos de certa ordem, embora sem muito valor, podem ser trazidos a tona, contanto que ponham em relevo a pessoa do Medalhão.

Essa é publicidade constante, barata, fácil, de todos os dias; mas há outra. Qualquer que seja a teoria das artes, é fora de dúvida que o sentimento da família, a amizade pessoal e a estima pública instigam à reprodução das feições de um homem amado ou benemérito.

Um medalhão não se retrai a uma pompa, longe disso, ele está sempre pronto para as comemorações e aos elogios dos amigos. Em toda oportunidade ele faz do óbvio um evento a ser lembrado. O medalhão sempre que está nos holofotes chama as caravanas de parentes e amigos. E quem melhor do que ele próprio para escrever os discursos de sua festa para que sejam precisas as enumerações de suas qualidades públicas.

Janjão não contém a preocupação, e aqui Machado de Assis, é genial em sua crítica, ao escrever que as lições que o pai ensina não é nada fácil ao filho aprender, eis que é trabalhoso ser um ninguém, que todos amam sem nem saber porque.

Pai continua a observar, o quão é difícil ser um medalhão, como isso toma o tempo: personagem continua a enumerar que:

leva anos, paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida. Os que lá não penetram, engole-os à obscuridade. Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do vocabulário.

O medalhão é um político nato, segundo o pai, toda questão é não infringir as regras e obrigações capitais. Não importa o partido, podes pertencer a qualquer deles, com uma única regra, nunca ligar nenhuma ideia especial a eles, eles servem apenas como uma utilidade social para o prestígio.

Uma vez obtido o êxito da politicagem, um Medalhão deve ocupar a tribuna. É um modo de convocar a atenção pública.

Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: - ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; - é mais fácil e mais atraente. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado.

Janjão então resume os ensinamentos do pai, concluindo: não deve ter ideais ou imaginação; a filosofia somente das histórias, deve-se tomar cuidado para reproduzir pensamentos, mas nunca cair na tentação de ter ideias; nada que possa cheirar a reflexão ou originalidade deve ser buscado; o riso, a esse é importante, convém ter um gênio folgazão, prazenteiro, não há que se censurar e nem eliminá-lo; contudo, não deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência. Não. Use antes o escárnio, o nosso bom zombeteirismo.

Por fim, o pai conclui o pensamento e ambos vão dormir, cabendo a Janjão refletir sobre as lições ditas, pois amanhã é o dia em que começará este magnífico ofício do ócio mental e da falta de originalidade.

Bom, indico a leitura deste maravilhoso conto, não com uma leitura preguiçosa, que apenas corre os olhos no papel. Leia como se fosse Kant, frase por frase, com atenção. Pois em sua crítica trás ensinamentos interessantes em que passaremos a falar agora.

O conto se inicia com o pai chamando o filho para uma conversa sobre a vida e o que o mundo lá fora reserva. Quando anuncia a sua intenção e se desloca para fechar a porta, seu filho interpela com um dizer carregado de infantilismo, dizendo “papai”.

Aqui vem a primeira lição e conselho do pai:

“Não me venha com “denguices”, e vamos conversar como dois amigos sérios.”

O pai chama a atenção do filho de que é preciso compreender que não há mais tempo para infantilidade, não que não possa chamá-lo de “papai”, mas que precisa compreender que precisará de força e de firmeza para encarar a vida. É preciso entender que o tempo de ser criança e de ter uma proteção para todas as horas terminou, que uma nova e árdua jornada começou.

Quantos homens de 30 anos de idade que vemos por aí agindo como adolescentes? É preciso ter esse ponto de cisão entre a vida sob os cuidados dos pais e a vida adulta, e é isso que essa parte do diálogo se trata.

O pai prossegue em seus conselhos, dizendo ao filho que a idade em que se encontra possui um leque de oportunidades, em todas as áreas que o filho puder imaginar, dizendo que:

"Qualquer que seja a profissão que você escolher, o meu desejo é que você seja grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum.”

É sabido que não importa qual profissão escolhemos, o homem acima da média, batalha para ser no mínimo notável naquilo que faz. Agir assim, o conduzirá para uma velhice mais afortunada.

Não seja medíocre em seu pensar e agir. Estude, leia e trabalhe com disciplina e dedicação, construa um pensamento crítico, mas não para justificar seus erros como sendo culpa dos outros, pelo contrário, pense de forma a chamar para você a responsabilidade do que te acontece e tome uma atitude a respeito.

O pai continua a explicar que a vida é uma enorme loteria; a qual os prêmios são poucos, os infortúnios inúmeros, e com o nascer de uma geração é que se amassam as esperanças de outra, ou seja, a cada nascer de uma geração é um tempo a menos de vida e menores as oportunidades que nos cercam.

Por isso, não adianta querer ficar se lamentando ilusoriamente sobre a justiça do mundo e culpando os outros pelos nossos fracassos. Viver é assumir a responsabilidade, é entender que as glórias poderão ser poucas, as dificuldades infinitas, mas o espírito deve sempre estar contrário a choramingas e reclamações.

Sabedor de que a vida tem seus percalços e imprevistos, o pai aconselha ao filho que “assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição.”

Perceba que aqui ele explica que além de termos preocupação quanto a nossa velhice, guardando desde de jovem e se acautelando para o futuro, é sábio que tenhamos mais de uma fonte de renda ou ofícios, para caso uma delas falhe ou um deles não indenize o bastante.

Vivemos em uma era de ouro das oportunidades, a internet e um celular tem sido capaz de gerar renda e segurança para muitas famílias. Tem sido uma grande aliada para uma fonte de renda alternativa, se você ainda não buscou saber, e acha que a internet é um monte de lixo, é porque você está consumindo sua paz e sua mente com trivialidades e conhecimentos vazios e sem valor.

Saia dessa bolha e comece a pensar menos como um empregado e mais com a mente de um empreendedor. Olhe a infinidade de palestrantes e podcasts com entrevistas de grandes pessoas que você tem de graça, mas prefere perder seu tempo com alguém rebolando, abre aspas, a “raba” em troca de autoafirmação e validação sobre seu corpo.

Vejo adolescentes gastando horas e horas de jogatina online, é uma paixão, porém são raros os que pensam que podem fazer dessa paixão algo rentável. Embora as oportunidades sejam infinitas: desde de streaming, posicionamento redes sociais, YouTube e por aí vai.

Mas porque então não usar seu tempo de lazer para empreender?

Hoje há muito interesse em saber sobre o que os outros fazem ou como fazem, e quem percebe isso, constrói uma vida de sucesso. Se você está na faculdade ou no ensino médio, compartilhe sua rotina de estudo e seus métodos nas redes sociais, isso é criar um posicionamento de mercado. Isso é só um exemplo das possibilidades.

Quando você for fazer estágio ou se formar, com uma base de seguidores nas redes sociais que admiram seu esforço, criatividade e estudo, tenha certeza que as empresas vão brigar para ter você, porque você já se posicionou no mercado, enquanto estudava construía autoridade e uma fonte de renda secundária, você se tornou capaz de converter suas redes sociais em marketing, de inspirar as pessoas, de agregar valor em si mesmo e naquilo que faz. Isso vale muito hoje em dia.

O pai aconselha a Janjão, o filho, de que o ideal é trabalhar para construir autoridade pessoal e profissional ao longo da vida. Dizendo:

“És moço, tens naturalmente o ardor, a exuberância, os improvisos da idade; não os rejeites, mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no regime do aprumo e do compasso.”

Neste ponto, Machado de Assis explica que a juventude não deve ser tolhida de tudo, levando o jovem a avareza, beatismo ou a supressão do ardor que só a juventude permite, não é essa a ideia, o pai apenas aconselha que o filho seja moderado. Pois, por volta dos 45 anos, o filho, já deve começar a manifestar as qualidades de um homem estável e de boa reputação, se mantiver um objetivo e um bom planejamento para o futuro.

Ele ainda adverte, que há pessoas que aos quarenta anos, e outros mais precoces, de trinta e cinco e de trinta que já se destacam no mundo. sem mencionar os de vinte e cinco anos, nas palavras do pai: esse madrugar (do sucesso aos 25 anos) é privilégio do gênio.

Observamos aqui um conselho sincero e realista, pois um homem não deve se superestimar, ele deve ter a noção exata de suas competências e habilidades, e do plano usá-las em seu máximo.

Se você não está entre os gênios ou os destaques, deve buscar com serenidade o seu ápice profissional, de estabilidade financeira e de sabedoria sobre a vida. Não tenha pressa para chegar lá, apenas seja constante nesse objetivo. Estude todos os dias, ainda que seja uma página, um parágrafo, um artigo, ou mesmo um vídeo como esse.

Não fique frustrado achando que não é para você, porque alguém de 25 anos já chegou a posição financeira que você talvez somente chegue aos 50 anos. Cada um tem suas oportunidades e habilidades, como diz Machado de Assis, "esse madrugar é privilégio do gênio".

Neste ponto é que devemos entender que tudo que for oposto ao medalhão é o conselho para a vida boa.

Portanto, uma vez entrando na carreira cerque-se de ter boas ideais, para isso nutra boas amizades, aprenda a controlar seu ego e os princípios da boa liderança e saiba inspirar as pessoas a atingirem resultados excepcionais, não tenha vergonha e nem medo de dar os créditos a quem merece, pois aquele que lidera, cresce com os resultados, aumenta a criatividade ao ouvir opiniões diferentes e se dispor a estudar novas formas de aumentar seu pensamento crítico.

Observe que o filho, parece ao pai, ser dotado da perfeita pobreza mental, conveniente ao uso do ofício de medalhão. Pois segundo ao pai, o filho tem bom aprendizado para o que ouve nas salas de aulas e os opiniões ouvidas na esquina, fato este posto que indica certa carência de ideias. Ainda completa dizendo que o filho possui os gestos corretos e perfilados de subserviência, não contesta o que lhe é posto.

Desta afirmação, extraímos o conselho para que tenhamos mais sangue em nossas veias, ou seja, vontade de poder descrita por Nietzsche como a principal força motriz em seres humanos direcionada para a realização, ambição e esforço para alcançar a posição mais alta possível na vida.

Não encare a vida como um molenga que fica reclamando de tudo. Seja o que você deseja ser, planeje e defina processos e metas.

Mas como ser uma pessoa de boa imaginação e de ideias?

Machado de Assis diz a você de forma clara como a neve.

Exercite sua mente, não te meta em trivialidades bestas que somente matam o espírito do homem, que o torna serviçal de seus desejos. Se afaste de jogatinas de bares, e locais de desocupados, jogos online, e, tudo em excesso que te desvie da consciência. Ao invés disso, prefira meter a cara nos livros. Leia com frequência, pelo menos 30 minutos de leituras para acalmar a mente e 30 minutos de algo de sua área profissional por dia. Seja um intrépido em sua busca por conhecimento e especialização, se destaque em sua área ao ponto que as pessoas precise de você pela sua capacidade e competências.

Se um medalhão nunca anda sozinho, para não correr o risco de ter ideias, logo você como uma pessoas de valor, deve ter um momento de reflexão e solitude. Aprenda a caminhar pelas manhãs para pensar consigo mesmo, e refrescar as ideias. Não seja desesperado por atenção ou aprovação, este tipo de pessoa é capaz de suportar relacionamentos terríveis somente pelo medo de ficar só. Não seja assim. Valorize primeiro a si mesmo, para depois pensar nos outros. Estando bem, fará bem aos outros. Da mesma forma, não trabalhe ao ponto de abdicar de sua família e de momentos de lazer, saiba se cuidar.

Frequente ambientes que fazem você crescer como pessoa e profissional, não se perca em boatos, fofocas ou em falatórios desajustados. Prefira ser reservado em seu comportamento e a falar o necessário, não se meta a criticar os outros em público ou mesmo falar de si mesmo em primeira pessoa. Não seja arrogante ou inconveniente.

Não seja soberbo e espalhafatoso. Vejo cada dia mais jovens se matando de trabalhar ou mesmo fazendo coisas ilícitas pelo ideal de que serão melhores ou respeitados se tiverem um Iphone do ano, relógios, tênis de marcas expressivas e por aí vai.

Esses adornos, como diz Machado de Assis, não transmitem quem você é, as coisas devem ter uma utilidade prática, um celular deve atender aquilo que você precisa, com a qualidade suficiente. Faria sentido você investir em um Iphone caso você trabalhasse com fotografias ou aplicações que o processamento do celular fosse muito exigido em seu negócio. Se você usa o celular apenas para algumas aplicações básicas e redes sociais, sem auferir renda com isso, não faz sentido, pagar um valor que equivaleria a 5 celulares intermediários que te atenderiam muito bem, somente para ter um logotipo estampado na capa.

Da mesma forma, não seja aquelas pessoas que arrotam brocardos, que se sentem superiores às demais pessoas, se acham donos da razão, resolvedores dos problemas da humanidade, todos estão errados, mas ela está certa. O tipo que despreza o trabalho alheio, que não tem a mínima experiência de vida e profissional e já acha que faria melhor, sem nem mesmo considerar as dificuldades. Há um ditado que ouvi na série “Suits”: “Nunca julgue um homem sem antes estar no lugar dele”. Leve isso para a sua vida, se você não conhece a realidade daquilo que está insatisfeita ou acha poder fazer melhor, procure saber e proponha soluções e nunca reclamações.

Outro ensinamento que podemos extrair é de que deve tomar cuidado com quem está discursando, não confie cegamente em tudo que ouve, há pessoas muito boas de retórica e que garganteiam palavras que parecem ter sua lógica, mas como diz Machado de Assis: “Condeno a aplicação, louvo a denominação”.

O que traduzindo quer dizer que é fácil encontrar indivíduos que falam sobre ciência, política, notícias… cheios de empáfia no discurso, até bonito de ouvir, mas na hora das aplicações práticas dessas ideias é que o bicho pega, é aí que as máscaras caem. Por isso ele diz que condena a aplicação, pois na vida dele, do pai, já ouviu muito disso e sabe que em sua maioria não passa do plano da metafísica. Mas a denominação, para ele, é como uma doce música aos ouvidos boa para entreter o tempo dos arrogantes.

O autor ainda progrediu em sua ideia guardando o maior conselho vindo de um medalhão, ao falar da publicidade que uma medalhão faz questão de fazer sem o mínimo de vergonha ou modéstia.

Aqui lembramos que é importante ter uma boa aparência, mas boa aparência não significa que você deva andar com adornos caros, ternos ou roupas de marca. Boa aparência vem da simplicidade do dia a dia, é uma simples camiseta bem lavada, passada com cuidado, uma roupa cheirosa, um sapato limpo, cabelos penteados ao seu modo. Boa aparência vem da postura com que você anda, isso você conquista com uma boa alimentação, exercícios físicos e intelectuais, pois são coisas que aumentam sua autoestima de você, trás um aspecto saudável e confiável para as pessoas que cruzam seu caminho. Cuidar da boa educação e dos detalhes é a melhor publicidade que se pode ter.

É arrogante e tolo aquele que acha que precisa falar de si o tempo todo, de seus feitos, que sempre quer tem razão, que gosta das bajulações e deseja aprovação dos outros. Muda o humor quando contrariado e desconta as pessoas à volta. Não seja esse tipo de pessoa.

Faça as coisas porque acredita serem certas, aprenda com os erros e não fique esperando elogios ou gratidão dos outros.

Outro conselho: Aprenda a nunca ficar em cima do muro, não seja o tipo de pessoa que aceita a vida como ela é, que finge estar bem com tudo. Tenha lado, se posicione com inteligência e respeito. Seja comedido em suas críticas e esteja sempre pronto a propor uma solução se constatar um problema que precise reclamar. Ouças as pessoas, é crucial aprender a ouvir, antes de sair falando.

Não seja um mero reprodutor de textos bonitos, busque entender e aplicar os conceitos em sua vida, busque melhorar as ideias que teve contato ao longo da vida e de suas leituras. é maravilhoso pessoas que adotam reflexões próprias daquilo que lê, vê ou ouve. Seja alguém crítico, mas sem confundir seu pensamento com a soberba de apontar o dedo a todo mundo e a reclamar.

Por fim, não se porte de forma zombeteira ou com fanfarronices. Seja sereno e comedido em sua postura, saiba os momentos de brincar com alguém, de rir ou mesmo de elevar o volume de sua voz. Saber se portar em diferentes situações é uma arte que poucos dominam, mas quem domina, deixa sempre uma boa impressão e um gostinho de simpatia aos que observam.

Somos fãs de Machado de Assis, e este conto é negligenciado pelo brasileiro, infelizmente. Em geral, há pessoas que o vê apenas como um texto que critica a postura do Medalhões sem tentar extrair as ideias por trás da crítica, e logo banalizam a sua leitura.

Espero que tenhamos provocado em você uma reflexão para que possa ler este conto pequeno, mas de grande valor.


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