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Musashi Miyamoto: Domine a Arte Milenar do Combate | Um Resumo do Livro Os 5 Anéis

Miyamoto Musashi nasceu em 1584, enquanto o Japão ainda lutava para se recuperar de mais de quatro séculos de comoções internas. O governo tradicional dos imperadores havia sido derrubado no século XII, e, embora os novos imperadores continuassem como símbolos do próprio Japão, seu poder era quase nenhum. 

Desde aquela época, o Japão vinha sendo palco de uma guerra civil ininterrupta entre os senhores provinciais, monges guerreiros e salteadores, uns combatendo os outros em busca de mais terra e poder. 



Entretanto, em 1573 um homem chamado Oda Nobunaga assumiu a dianteira e tomou as rédeas do país. Ele se tomou o Shogun, ou ditador militar, e por nove anos conseguiu trazer para seu domínio quase todo o Japão. 

Quando Nobunaga foi assassinado, em 1582, um plebeu ascendeu ao governo. Toyotomi Hideyoshi prosseguiu o trabalho de unificação do país. Ele fez reviver a velha separação entre os guerreiros - ou samurais - e os plebeus, impondo barreiras ao uso de espadas. apenas os samurais tinham permissão para usar duas espadas, ou seja, a espada curta, que todos poderiam usar, e a espada longa, que distinguia os samurais do restante da população. 

O verdadeiro isolamento e a unificação do Japão começaram com o grande Tokugawa Ieyasu, antigo companheiro tanto de Hideyoshi quanto de Nobunaga 1603, Tokugawa estabeleceu seu governo em Edo, onde hoje é Tóquio, local onde era dono de um imenso castelo. Seu período de governo foi estável e pacífico, dando início a uma era da História japonesa que se prolongou até a restauração imperial de 1868.

A burocracia dos Tokugawa se ramificou por todos os setores. A educação, o direito, o governo e as classes sociais eram controlados por ela, e sua influência chegava até a regulamentação dos costumes e comportamento de cada classe, formando uma rígida estrutura.

Assim, as pessoas se dividiam, essencialmente, em quatro classes sociais: samurais, agricultores, artesãos e comerciantes. 

Os samurais eram a classe mais elevada - se não em riqueza, pelo menos em prestígio parte os senhores, os membros mais graduados do governo, os guerreiros, alguns oficiais do exército e os soldados da infantaria. 

Musashi pertencia à classe dos samurais, esses oficiais passaram a formar um corpo permanente do exército. Eles andavam a cavalo, usavam armaduras, arco e espada.

Em 1782, o imperador Kammu iniciou a construção de Kyoto, e lá erigiu uma “academia” de treinamento chamada Butokuden, existente ainda hoje (Butokuden significa “Casa das Virtudes da Guerra”. Quando os grandes exércitos provinciais foram gradualmente desmantelados por Hideyoshi e Ieyasu, muitos samurais passaram a vagar pelo país, desempregados pela era de paz que se iniciava.

As hordas de samurais sem ter o que fazer se viram de um momento para o outro, numa sociedade regida inteiramente pelas antigas regras de cavalheirismo e fidalguia que lhes eram tão caras, mas onde, ao mesmo tempo, não havia mais lugar para guerreiros. 

Os samurais tomaram-se, assim, uma classe invertida, mantendo vivos os antigos ideais de conduta pela devoção às artes militares, com um fervor que só os japoneses são capazes. 

Foi nessa época que floresceu o Kendô. Kendô, ou o Caminho da Espada, sempre fora sinônimo de nobreza no Japão, inspiradas pelos ensinamentos do Zen e pelo sentimento xintoísta. As escolas de Kendô, nascidas no início do período Muromachi - aproximadamente de 1390 a 1600 -, passaram incólumes pelos abalos da formação do shogunato Tokugawa.

Os samurais estudavam todos os tipos de arma: alabardas, bastões, espadas, corrente, foicinha e muito mais Para adestrar-se no Kendô, a pessoa tem que subjugar seu ego, sua individualidade, suportar a dor de exercícios extenuantes e cultivar a paz de espírito diante do perigo. 

Mas o caminho da espada não significa apenas o treinamento no manejo da espada: ele não existiria sem todo um código de honra característico da elite samurai. A guerra era a motivação da vida cotidiana dos samurais, e eles sabiam encarar a morte como se ela fosse parte da rotina doméstica. 

O significado da vida e da morte pela espada se refletia na conduta habitual da sociedade feudal japonesa, e todo aquele que atingisse a aceitação resoluta da morte a qualquer momento de sua vida seria considerado um mestre da espada. 

Quando Musashi tinha sete anos, seu pai, Munisai, morreu ou abandonou o menino, deixando ele sob a guarda de um tio materno, um sacerdote.

Com treze anos Musashi abateu um homem em combate corpo a corpo. E por fim, aos cinqüenta anos de idade, retirou-se para uma vida solitária, já tendo atingido o fim de sua busca da razão. Esta parte da existência de Musashi foi vivida longe da sociedade, e nela o guerreiro se dedicou com obstinação feroz à procura da iluminação pelo caminho da espada Preocupado unicamente com o aperfeiçoamento de sua arte ele viveu.

Musashi, vagou pela terra com as roupas do corpo encharcadas pelas chuvas do inverno, sem cuidar dos cabelos, sem procurar esposa, sem se dedicar a nenhuma profissão a não ser o seu estudo. 

Em 1643, afastou-se para levar uma vida retirada na caverna chamada Reigendo. Ali ele escreveu Go Rin No Sho, dirigido a seu pupilo Teruo Nobuyuki, poucas semanas antes de sua morte, no dia 19 de maio de 1645. 

O livro não é um manual de estratégia e sim, nas palavras do próprio Musashi, “uma orientação para os que querem aprender a estratégia”. Musashi escreveu: “Quando se atinge o Caminho da Estratégia, não haverá mais nada que não se possa compreender”, e “se verá o Caminho em tudo”. 

E, de fato, ele tornou-se mestre das artes e ofícios. produziu obras-primas de pintura um excelente calígrafo pequena escultura em madeira da divindade budista escultura de Kwannon; trabalhou também com metal e fundou uma escola fabricantes de guarda de espada que se assinavam “Niten” escreveu poemas e canções.

A importância de Musashi é tanto para os japoneses, que até hoje homens de negócios usam o “Go Rin No Sho” como orientação para a prática comercial. 

No livro, Musashi começa explicando que para escrevê-lo, não utilizou a lei de Buda, nem os ensinamentos de Confúcio, nem velhas crônicas de guerra ou livros sobre artes marciais. A estratégia seria o ofício do guerreiro. Sendo que os comandantes têm que ordenar o ofício e os soldados têm que saber seguir seu Caminho. Segundo Musashi há vários Caminhos. Cada homem faz aquilo para que se inclina. Mesmo que um homem não possua qualquer habilidade natural, pode ser um guerreiro desde que se atenha ardorosamente a ambas as divisões do Caminho (o Caminho da literatura e o Caminho da espada). 

O Caminho da literatura refere-se ao cultivo da mente e do intelecto através da busca pelo conhecimento, da leitura, do estudo e da apreciação das artes e letras. Desenvolver essa faceta pode tornar o homem mais completo, permitindo que ele entenda melhor os princípios e estratégias envolvidos no campo de batalha e na vida cotidiana.

Por outro lado, o Caminho da espada se relaciona diretamente ao treinamento, com o aprimoramento das habilidades físicas e técnicas. Aqui, o homem aprenderá a arte da luta, o manejo das armas e a disciplina necessária para enfrentar desafios, ou seja, o homem moderno aprenderá a arte de enfrentar oponentes em seu âmbito profissional ou na autodefesa.

Seguir ardorosamente ambas as divisões do Caminho é essencial para que um homem se torne completo e equilibrado, preparado para enfrentar as adversidades da vida e da guerra.  Pois para Musashi, o livro dos cinco anéis são lições para preparar o homem para o caminho da espada, o qual exige uma dedicação obstinada. 

O Caminho do guerreiro é a aceitação resoluta da morte. Se olharmos para o mundo, veremos artes à venda. O homem usa equipamentos para vender seu próprio eu. Como se, comparando lada a lado - a noz e a flor, a noz fosse menos importante do que a flor. 

No tempo de Musashi, eram quatro os Caminhos pelos quais os homens podiam percorrer a vida: guerreiros, agricultores, artesãos e comerciantes. O caminho do Guerreiro seria dominar a virtude de suas armas. Se um guerreiro não aprecia a estratégia, ele será incapaz de apreciar as vantagens de suas armas. O homem tem que dar polimento ao caminho que escolheu, ou seja, se você é um policial por exemplo, deve treinar além de sua mente, deve treinar exaustivamente técnicas de combate com arma de fogo,  experimentando todos os possíveis cenários, deve treinar técnicas e combate corpo a corpo, com facas, abordagens, como descer da viatura, conhecer perfeitamente seu equipamento, isso é seguir o caminho, dedica-se plenamente em ser o  melhor no seu campo de habilidade, da mesma forma o médico, o pedreiro, o engenheiro e por aí vai.

Musashi disse: Há hora e lugar para o uso das armas. Você não deve ter uma arma preferida. O hábito exagerado do uso de uma arma qualquer é tão prejudicial quanto o conhecimento inadequado dela. Essa é a primeira importante lição, manter-se em uma zona de conforto, treinar apenas uma habilidade, pode ser tão prejudicial quanto desconhecê-la. 

Nos dias atuais, há momentos e situações específicas que demandam a utilização de habilidades e conhecimentos adequados. É essencial que as pessoas sejam versáteis e adaptem-se às diversas circunstâncias, em vez de se apegarem a uma única forma de agir. É importante ser flexível e versátil. Não devemos nos apegar a uma única maneira de fazer as coisas. Devemos estar dispostos a aprender novas habilidades e a usar diferentes ferramentas para resolver problemas, pois já haverá momentos em nossa vida que precisamos adaptar nossa estratégia e as vezes, aquela habilidade única pode se tornar inútil diante do cenário. 

O melhor exemplo disto é o MMA, se você for campeão mundial de boxe e for lutar no card principal do UFC por exemplo, a chance do boxeador ser derrotado é muito maior em comparação com seu adversário adaptado a vários estilos de lutas, afinal um boxeador dificilmente saberia defender de uma técnica de jiu-jitsu ou mesmo do muay thai.

Ao passo que deve variar seu campo de habilidade, uma outra regra é que  você não deve copiar os outros, e sim utilizar as armas que consegue manejar com propriedade. Da mesma forma, os Comandantes e os soldados não podem sentir preferências ou antipatias por armamentos, devendo aprender a fundo todo tipo de arsenal disponível, uma vez que a noção do tempo na estratégia não pode ser dominada sem uma prática das mais intensas. 

Segundo Musashi: Há sincronia em toda a vida do guerreiro, na sua ascensão e no seu declínio, na sua harmonia e na sua discórdia. Todas as coisas existem dentro de um movimento de ascensão e declínio. Ganham-se batalhas com a sincronia do Nada, nascida da sincronia da sagacidade, aprendendo-se a sincronia dos inimigos e, em seguida, utilizando-se uma sincronia que o inimigo não espera."

Esta passagem ensina que a vida do guerreiro é um fluxo constante de mudanças. O guerreiro deve estar preparado para enfrentar qualquer situação, tanto na ascensão quanto no declínio, na harmonia quanto na discórdia. Todas as coisas estão em constante movimento e mudança, e o guerreiro deve ser capaz de se adaptar a essas mudanças.

Assim como na natureza, onde todas as coisas têm um ciclo de nascimento, crescimento, declínio e renovação, a vida do guerreiro também segue esse padrão. Compreender essa dinâmica é essencial para ajustar estratégias, superar obstáculos e encontrar oportunidades de crescimento.

Após compreender a impermanência das coisas, cabe ao homem agir com calma e serenidade, como se não houvesse nada acontecendo, enquanto se está atento a todas as possibilidades e movimentos do ambiente. Essa frieza frente aos obstáculos é uma forma de se conectar com a intuição e a sabedoria interior para tomar decisões acertadas em momentos críticos.

Precisamos ter em mente que os eventos em nossa vida se apresentam em forma de interdependente, conectados, portanto, conhecer e entender os padrões e movimentos dos acasos ou problemas é essencial para antecipar suas ações e reações. Isso permite que você esteja um passo à frente e esteja preparado para responder com eficácia. E quando for fazê-lo, deve ser capaz de surpreender o inimigo com movimentos imprevistos e estratégias não esperadas. Isso pode criar vantagens e desequilibrar a situação a seu favor, eis que a previsibilidade é sinônimo de fracasso na estratégia. 

Musashi prossegue: "Não pense com desonestidade. O Caminho está no treinamento. Trave contato com todas as Artes. Conheça o Caminho de todas as profissões. Aprenda a distinguir ganho de perda nos assuntos materiais. Desenvolva o julgamento intuitivo e a compreensão de tudo. Perceba as coisas que não podem ser vistas. Preste atenção até ao que não tem importância. Não faça nada que de nada sirva. Se você não conseguir ver as coisas em uma escala maior, será difícil dominar a estratégia."

Está citação podemos retirar nove lições importantes, primeiro: 

Musashi destaca a importância de não pensar com desonestidade. A honestidade consigo mesmo é fundamental para um crescimento genuíno e uma compreensão profunda do Caminho. Isso envolve autoconsciência, autoavaliação honesta e autenticidade em todas as ações e decisões.

O outro pilar, para o Caminho está no treinamento: A excelência não é alcançada de forma instantânea, mas sim através do constante treinamento e aprimoramento. O Caminho é uma jornada contínua de aprendizado, prática e evolução. A dedicação ao treinamento é essencial para o domínio das habilidades e conhecimentos.

Além do treinamento, deve ter contato com todas as Artes ou áreas de conhecimento, eis que ter esse contato com diversas artes, sejam elas literárias, artísticas, científicas ou filosóficas, amplia a visão de mundo e enriquece a compreensão sobre a vida e as diferentes situações.

De outro modo, ter a capacidade de discernir entre o que traz benefícios e o que resulta em perdas é essencial para tomar decisões informadas e estratégicas. Desenvolver essa habilidade permite ao homem fazer escolhas conscientes e eficazes em suas ações e negócios. Neste aspecto, desenvolver o julgamento intuitivo é crucial, pois além da análise racional, é importante ter um  julgamento intuitivo. A intuição é uma forma valiosa de conhecimento que pode fornecer percepções além do alcance da razão. Aprender a confiar em sua intuição pode ser uma ferramenta poderosa na tomada de decisões.

O conhecimento multidisciplinar, a honestidade em sua autoavaliação, treinamento constante, confiança em sua intuição, abriram caminho para que perceba as coisas que não podem ser vistas. O guerreiro deve estar atento às nuances e aspectos sutis das situações. Isso inclui a compreensão de elementos que não são óbvios ou visíveis à primeira vista. A percepção aguçada permite que ele entenda o contexto completo e faça escolhas mais informadas. Nenhum detalhe deve ser subestimado, pois eles podem ter um impacto significativo no resultado.

Por outro lado, manter uma visão ampla e global é essencial para dominar a estratégia. O guerreiro deve entender o contexto maior das situações e considerar as interconexões entre os eventos e as pessoas. Essa perspectiva mais ampla permite a formulação de estratégias mais eficazes.

Por exemplo em imagine uma cobrança de pênalti em uma final importante de campeonato: O batedor deve treinar exaustivamente tais cobranças para que tenha memória muscular de qual posição deve chutar a bola, mais do que isso, ele deve ser capaz de usar diferente técnicas e cantos para enganar o goleiro, quanto mais informações ele tiver sobre as reações do goleiro, e maior for a sua própria habilidade em esconder seu espírito, suas emoções, melhor será sua estratégia. Neste momento está atento aos detalhes é importante, como a posição em que a bola foi posto na grama, lado do bico, condições do gramado, o olhar do goleiro, movimentação do corpo, posicionamento dos pés. Ao mesmo tempo deve-se ter uma visão ampla do cenário a volta, a direção e a força do vento, sua fadiga e hidratação no momento da cobrança, por exemplo.

Outro ponto crucial, e que na sociedade dinâmica que temos hoje, é que não devemos nos ocupar apenas de coisas que sejam prazerosas, pois isso atividades sem sentido para nosso objetivo nos tira do caminho. Assim, todas as ações devem ter um propósito claro e contribuir para os seus objetivos. Evitar atividades sem sentido ou desperdício de energia é essencial para se concentrar no que realmente importa.

Segundo Musashi. no  Livro da Água:  “a estratégia é diferente das outras coisas na medida em que, se você confundir o Caminho, um pouco que seja, o resultado será a desorientação completa e a aquisição de maus hábitos.

Perceba, que as distrações são um problema, essa nossa necessidade por dopamina, essa sensação de urgência de que o dia é demasiadamente curto e que não consigo aproveitar tudo que preciso em 24 horas, causa em nós desorientação completa e é a porta de entrada para vícios e maus hábitos, elas prejudicam nossos planos a longo e médio prazo, nos tiram do caminho. Por isso é importante se policiar para não entrar neste ciclo vicioso, se afastando toda vez que perceber um padrão de procrastinação e preguiça. 

Outro ensinamento é que devemos enfrentar a situação relaxado, mas sem precipitações, com o espírito calmo mas não preconcebido (de que já venceu ou perdeu); o relaxamento da mente não implica o relaxamento do corpo; nem a mente pode se relaxar tanto a ponto de se tomar entorpecida. 

Musashi afirma que diante de situações problema ou de inimigos não devemos ficar irados ou transtornados com o que se apresenta diante de nós, pelo contrário, devemos manter a calma e a serenidade em nosso espírito, embora sem se desmoronar, por que isso facilitará sua decisão diante da dificuldade. 

Não permita que seu espírito seja influenciado por seu corpo, e nem que seu corpo seja influenciado por seu espírito. Não deixe que seu espírito se eleve demais; um espírito elevado é um espírito fraco; um espírito abatido é um espírito fraco. Não permita que o seu adversário perceba seu espírito. Seja qual for o seu tamanho, não se permita iludir com as reações do seu próprio corpo. É indispensável que se mantenha a postura de combate na vida cotidiana e que se faça da postura diária a sua postura de combate. Isto precisa ser bem estudado.

Em um combate, seja corpo a corpo, ou puramente intelectual, mantenha a linha do nariz reta, com uma leve sensação de narinas dilatadas. O olhar deve ser aberto e amplo. Este é o olhar duplo de 'Percepção e Visão'. segundo Musashi.

A sua postura diante da pressão é importante, manter uma linguagem corporal adequada e atenta, e um olhar aberto e amplo no que acontece à sua volta, favorece que tome decisões e conduza o embate de forma mais favorável a você. 

Uma vez que a percepção é forte e a vista é fraca. É importante, na estratégia, conhecer a espada do inimigo e não se deixar distrair por movimentos insignificantes dela. Ou seja, nosso foco deve ser direcionado, não podemos ter uma visão dispersa preocupado com coisa fora do embate, toda nossa atitude deve ser voltada para traçar a estratégia correta. 

Musashi também orienta que sempre que puder faça movimentos inesperados nos combate, desconcentre o adversário, sempre escondendo seu espírito no combate, se está preocupado pareça pleno, se está pleno pareça preocupado, passar a impressão incorreta e confundir o espírito do adversário é a estratégia. 

Outro ensinamento de Musashi é que hoje você vencerá quem foi ontem; amanhã você vencerá os que não estão à sua altura; depois você derrotará homens mais habilidosos, mas para tanto terá que treinar obstinadamente, não permitindo que seu coração se desvie do Caminho. 

Esta passagem ensina que a vitória não é algo que se consegue de uma só vez. É preciso um esforço constante e persistente para melhorar suas habilidades. Você deve treinar todos os dias, não importa o quão difícil seja. Pois é importante não desviar-se do Caminho. O Caminho é o caminho da verdade e da justiça. Se você desviar-se do Caminho, você nunca será verdadeiramente vencedor.

Musashi acreditava que a vitória é possível para todos, mas é preciso esforço e perseverança. Se você estiver disposto a trabalhar duro e nunca desistir, poderá alcançar qualquer coisa.

Mas como posso aplicar essas lições de Musashi em minha vida? Eu aconselho fazer o seguinte: Estabeleça metas para si mesmo e trabalhe para alcançá-las. Não tenha medo de enfrentar desafios. Aprenda com seus erros. Uma vez traçado seu objetivo, seja constante na direção dele, pois a constância é mais importante do que a velocidade dos resultados. E por fim, estude e trabalhe a sua percepção da realidade, mantenha-se no caminho de ter poucas necessidades e respeito pelas pessoas a sua volta. 

Ainda, segundo Musashi, você deve examinar o ambiente. Considerando que há três Métodos de Surpreender o Inimigo: O primeiro método de surpresa é o ataque, chamado Ken No Sen (acuar). Outro método é a interceptação do ataque do inimigo, chamado Tai No Sen (aguardar para tomar a iniciativa). O terceiro método se usa quando você e seu adversário atacam juntos. Ele tem o nome de Tai Tai No Sen (acompanhar).

No Tai Tai No Sen (acompanhar o inimigo e antecipar-se a ele). Você tem que se aproveitar ao máximo da situação, penetrando no espírito do inimigo de modo a desvendar a estratégia dele e derrotá-lo. Quando o inimigo atacar, permaneça imperturbável, mas finja fraqueza. Quando o inimigo atacar, ataque com mais força ainda, aproveitando-se da má sincronia que ele demonstra na vontade de vencer.

A estratégia Tai Tai No Sen pode ser aplicada em situações cotidianas como em negociações, debates e até mesmo em situações de conflito. A ideia é se aproveitar ao máximo da situação, penetrando no espírito do outro de modo a desvendar a estratégia dele e derrotá-lo. 

Observe que Musashi aconselha que em situações de conflito em que há um equilíbrio de forças, esconder seu Estado emocional é primordial para montar a sua estratégia. Em uma luta ou negociação, mostrar-se indiferente diante de um golpe forte do adversário, gera nele uma sensação de impotência na luta, esse desânimo atrapalha o espírito do adversário, tornando fácil de obter o resultado que espera. 


Quando o inimigo fizer um ataque rápido, você terá que atacar com força e com calma, visando ao ponto fraco que surgir quando ele se aproximar, e assim derrotá-lo inapelavelmente. Para surpreender o inimigo, você tem que avaliar a situação. Nem sempre vale ser o primeiro a atacar; mas, se o inimigo atacar primeiro, você pode inverter a situação. 

Na estratégia, ganha quem surpreende o inimigo, e portanto você precisa praticar muito bem tudo isto. Nos combates de estratégia, é um erro ser controlado pelo inimigo. Você tem sempre que controlá-lo, levá-lo para onde deseja e não permitir que faça o que pretende; é necessário perturbar o inimigo no momento em que se prepara para golpear.

O mais importante, na estratégia, é bloquear as ações úteis do inimigo e permitir que ele execute à vontade as ações inúteis. É preciso agir de acordo com o Caminho, impedindo o desenvolvimento das técnicas do inimigo, atrapalhando seus planos, e em seguida controlando-o diretamente. 

Musashi nos ensina que a estratégia não é apenas uma questão de força bruta, mas também de inteligência, adaptabilidade e controle. Bloquear ações úteis e permitir as inúteis, interferir nos planos do inimigo e controlá-lo diretamente são aspectos fundamentais para alcançar o sucesso em qualquer empreendimento, seja na arte da guerra ou na vida cotidiana. A estratégia é uma busca constante pela harmonia com o Caminho, onde a vitória é obtida por meio de uma abordagem sagaz, intuitiva e ética.

Outro ponto, é que Musashi afirma acreditar que a estratégia do 'cruzamento do riacho' acontece com frequência na vida do homem. Ela pode significar o içamento de velas; significa conhecer a rota, a resistência do barco e as condições do dia. Quando tudo estiver de acordo, e quando houver talvez um vento favorável, ou um vento de popa, enfune as velas. Se o vento mudar a alguns quilômetros do destino, esteja preparado para remar o quanto for preciso sem as velas. Se você alcançar este espírito, ele terá aplicação em sua vida cotidiana. 

A estratégia 'Cruze o riacho' consiste em um ponto favorável, quando é possível atacar o ponto vulnerável do inimigo e colocar-se em uma posição vantajosa. 

Outra estratégia é 'Conhecer o Momento'. O que significa conhecer a disposição do inimigo em enfrentar a batalha, você poderá vencer sempre, lutando de uma posição vantajosa. É importante adquirir o espírito de não permitir ao inimigo uma segunda oportunidade de ataque. Na estratégia em grande escala, quando o inimigo começa a desabar você tem que persegui-lo sem lhe dar chance sequer para respirar. Não se aproveitando do desabamento do inimigo, você lhe dá uma chance de recuperação. 

A estratégia, 'Tornar-se o Inimigo' significa ver-se com os olhos do inimigo. As pessoas costumam pensar no ladrão encurralado dentro de casa como um inimigo fortalecido. Entretanto, se nos 'tornarmos o inimigo', veremos que o mundo inteiro está contra nós e que não há saída. Quem está trancado e cercado é o faisão. Quem entra é a águia. Não deixe de pensar sobre isto. Na estratégia em grande escala, as pessoas estão sempre imaginando que o inimigo é forte, e portanto se mostram cautelosas demais. Mas se você conta com bons soldados, conhece os princípios da estratégia e sabe como derrotar os inimigos, não há motivo para temores. 

Segundo Musashi, "Tornar-se o Inimigo" é um conceito estratégico que nos lembra da importância de entender o ponto de vista do adversário para tomar decisões mais informadas e bem-sucedidas. Isso inclui reconhecer nossas próprias vulnerabilidades e usar esse conhecimento para nos preparar adequadamente e enfrentar os desafios de forma mais eficaz. A confiança na capacidade de aplicar estratégias bem planejadas, aliada ao conhecimento profundo da situação, permite enfrentar o inimigo com coragem e determinação.

A técnica 'Soltar Quatro Mãos' é usada quando você e o inimigo lutam com o mesmo espírito e a luta não pode ser decidida. Neste caso, Musashi orienta que abandone este espírito e vença recorrendo a uma alternativa. No combate individual, se o inimigo assumir uma posição traseira ou lateral da espada longa de modo que você não possa perceber a intenção dele, finja um ataque e ele terá que mostrar a espada pensando que consegue perceber seu espírito. 

Contudo, quando o inimigo se lança ao ataque, dando demonstrações de que está preparado para revidar com violência, você fará com que ele mude de opinião, alterando seu espírito, derrote-o surpreendendo-o com o espírito do vazio. Quando o inimigo está agitado e demonstra uma inclinação a se apressar, não se preocupe. Deixe evidente sua calma completa; o inimigo se surpreenderá com ela e relaxará. Quando perceber que o espírito feroz dele também passou, aniquile-o atacando violentamente com o espírito do Nada.

Ataque sem aviso num ponto em que o inimigo não espera, e, enquanto o espírito dele ainda estiver desprevenido, dê seguimento ao ataque assumindo o controle e derrotando-o. 

Outro ensinamento, é de que o medo se manifesta com frequência, e é decorrente do inesperado. Observando o espírito do inimigo, podemos fazê-lo pensar: 'Aqui? Ali? Assim? Assado? Depressa? Devagar?' A vitória torna-se líquida e certa quando o inimigo se vê como presa de um ritmo que confunda o seu espírito. Ataque o inimigo nos pontos mais fortes dele e, ao perceber que ele recua derrotado, separe suas forças e ataque outro ponto forte na periferia das forças inimigas. O espírito deste tipo de ataque é como um caminho tortuoso de montanha. 

Quando percebemos que o inimigo tem poucos homens, ou que conta com muitos homens porém com espírito fraco e desorganizado, partimos para esmagá-lo decisivamente. Se o inimigo for menos habilidoso do que nós, se seu ritmo for desordenado, ou se tiver recorrido a atitudes de evasão ou retirada, devemos esmagá-lo de imediato. 

Musashi orienta que é um erro repetir a mesma coisa várias vezes ao enfrentar o inimigo. Talvez não haja alternativa quanto à repetição da mesma técnica uma ou duas vezes, mas empregá-la uma terceira vez seria um grande equívoco. 

É preciso que o guerreiro pense dentro desse espírito também em sua vida cotidiana. Ataque quando o espírito dele estiver desguarnecido, confunda-o, irrite-o e atemorize-o. Aproveite-se do ritmo indeciso do inimigo quando ele estiver perturbado, e sua vitória estará assegurada. O espírito de ser o primeiro a atacar é completamente diferente do espírito de aguardar pelo ataque do adversário. Suportar bem um ataque, com uma atitude forte e defender-se bem do ataque do inimigo é como construir uma muralha de lanças e alabardas.

Musashi nos ensina mais do que apenas técnicas marciais; ele compartilha uma filosofia de vida profundamente conectada com o caminho do guerreiro. Sua busca incessante pela excelência e sua busca pela compreensão de si mesmo e do mundo que o rodeia nos inspiram a refletir sobre nossas próprias jornadas pessoais.

Ao longo dos Cinco Anéis - os cinco elementos essenciais da estratégia do guerreiro - encontramos lições intemporais que transcendem as épocas e fronteiras culturais. Musashi enfatiza a importância de cultivar a mente, o corpo e o espírito em harmonia para alcançar o aprimoramento completo como indivíduo.

Através de sua abordagem humilde, ele nos lembra que a busca pela perfeição é uma jornada interminável, mas valiosa. Cada batalha travada, seja no campo de guerra ou em nossas vidas diárias, oferece oportunidades de crescimento e aprendizado. Devemos abraçar tanto as vitórias quanto as derrotas, pois são elas que moldam nosso caráter e nos permitem evoluir para um estado mais elevado de sabedoria.

Assim como Musashi se tornou um mestre inigualável no campo de batalha, também podemos nos tornar mestres de nossos próprios destinos, desde que abracemos a disciplina, a dedicação e a autoconsciência. Através do estudo e da prática contínua, podemos desenvolver nossas habilidades em qualquer campo que escolhamos.

Em última análise, a mensagem central de "Os Cinco Anéis" nos convida a abraçar a jornada da vida como um guerreiro sábio e resiliente. Precisamos encontrar nosso próprio caminho, enfrentar nossos medos e superar nossas limitações para alcançar a excelência pessoal. Musashi nos mostra que a verdadeira vitória não é apenas sobre a conquista externa, mas sobre a conquista interna - a vitória sobre nós mesmos.


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