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Introdução ao modelo de divisão societária Slicing Pie (Dividindo a Torta) para Startups.

Atualizado: 17 de nov. de 2023



Slicing Pie, criado pelo professor universitário e empresário especializado em Startups Mike Moyer, apresenta-se como uma fórmula universal para a criação de uma divisão de capital perfeitamente justa em um estágio inicial. As divisões patrimoniais tradicionais e antiquadas são baseadas em suposições sobre o futuro, habilidades de negociação e regras práticas. O modelo Slicing Pie é diferente porque é baseado no que os participantes realmente contribuem deste do início até a empresa conseguir gerar lucro efetivo.

A base do modelo proposto é o contrato moral entre as pessoas que compõe a empresa desde alto escalão até o mais baixo.

A ideia é, que no início, em geral as empresas não possuem capital, nem patrimônio, quem dirá mão-de-obra qualificada para determinados setores.


Muitas delas começam em um espaço cedido por um dos colaboradores, com materiais de escritório que cada um possui, como computadores e mesas particulares, horas de trabalho são dedicadas e, na maioria das vezes, as pessoas se dividem em outro emprego e o trabalho no projeto da startup.

O objetivo central é simples, um bom sócio ou funcionário é aquele que concorda com uma distribuição justa de divisão de participações na empresa, pois quem não aceita este modelo, certamente dá indícios que será um problema para empresa e tende a adotar comportamentos egoístico que deteriora a relação dentro da Startup.

O modelo é baseado no Risco assumido. Se cada um assume o risco do empreendimento, se elas aceitam o risco, é justo que recebam um pagamento por suas contribuições de tempo, dinheiro, ideias, relacionamentos.

Assim, quem não assume riscos no início da empresa (Startup), não merece o retorno futuro dela.

O conceito é simples, uma empresa não tem muito dinheiro no início, e dependem de ajuda da equipe com coisas básicas, mas que são essenciais à empresa. Muitas pessoas emprestam veículos, espaços de imóveis, móveis, dinheiro, dedicam tempo e acrescentam com ideias e soluções que ajudam no desenvolvimento da empresa.

Esse modelo, proporciona a estas pessoas uma troca deste “capital” inicial por fatias de participação na empresa. Como a empresa não pode pagar salários ou comprar certas coisas, o método propõe um multiplicador para que essas pessoas recebam uma participação justa por tudo que fizeram quando a empresa conseguir a pagar todas as suas contas e tributos, aferindo lucro para reinvestimento.

Por exemplo: Se um sócio entra com R$ 100 e outro entra com R$ 1000 – temos uma divisão 90% a 10%. É justo que essas pessoas recebam os tradicionais 50/50? Não, por isso, quem assume mais risco deve receber mais.

Para avaliar o risco

Uma pessoa que larga o emprego para trabalhar na sua empresa, sem receber salário justo de mercado, ela assume um risco pela empresa. Portanto, deve ser indenizada na diferença que a empresa deixa de pagar.

O valor justo de mercado é calculado com base naquilo que o colaborador poderia ganhar caso estivesse trabalhando no mesmo serviço que prestará na empresa (deve-se analisar a experiência da pessoa e seu posicionamento de mercado).

Formula: Valor Justo de Mercado = Tempo de uma pessoa X pagamento médio por ele no mercado (custo de oportunidade).

Aquele que cede o espaço físico para a empresa arrisca o valor médio daquilo que deixar de lucrar com a locação. É possível a aplicação de um aluguem fictício para que seja calculada a Fatia.



Assim, por exemplo, se possuo 100% do Capital e meu parceiro contribuiu com o risco, sejam em dinheiro ou contribuições não financeiras, em 19%, caso eu venha vender a empresa, é justo que ele receba os 19%.

Fatias é uma Unidade de medida que reflete o risco assumido.

Contribuições não financeiras são contribuições relevantes em que a empresa precisa efetivamente, mas ainda não pode pagar: espaços para escritórios; tempo de trabalho, ideias efetivas para o negócio, relacionamentos; equipamentos e suprimentos.

Formula: Participação Individual (%) = Fatias Individuais / Total de Fatias de Todos os participantes

Para autor você pode não ter o que deseja, mas certamente terá o que merece neste modelo de divisão societária.

Para converter a contribuição individual em Fatias é preciso estabelecer um multiplicador financeiro, o autor sugere como justos que você utilize o multiplicador (x4) quando for contribuições financeiras (valores) e (X2) para contribuições não financeiras:

Conversão de Contribuição Individual em Fatias: Multiplicador de valor de mercado x Contribuição (financeira ou não-financeira)

Observa-se que o dinheiro é mais difícil poupar do que contribuir com coisas não financeiras, pois as pessoas em geral detêm mais tempo do que fazem dinheiro com ele, por isso multiplicadores diferentes.

Formula: Fatias = Valor Justo de Mercado (ou) contribuição financeira correspondente X Multiplicador Financeiro

O valor justo de mercado como dito acima equivale a multiplicação do tempo dedicado pela pessoa ao trabalho vezes ao valor justo de seu trabalho caso trabalhasse para outra empresa.

A contribuição financeira é um valor investido em dinheiro na empresa.

Para o autor a empresa pode receber dinheiro por investimento familiar ou mesmo de seus colaboradores para despesas reembolsáveis da empresa. Quando fizer isso a pessoa estará investindo na empresa, assumindo o risco de perder esse dinheiro caso a Startup não chegue ao resultado esperado.

Ele ressalta que as fatias não são devidas a todo dinheiro investido em prol da empresa que entrou no caixa, as fatias são devidas somente quando for retirado (gasto) o dinheiro do caixa.

Por exemplo: Karol e Silva querem ajudar uma Startup (uma Loja):

1. Cada um deposita R$ 10.000,00, formando um caixa de R$ 20.000,00. Quando Ana (proprietária) precisar cobrir despesas da Loja, comprar um Balcão, por exemplo, no valor de R$ 1000,00. Esses Mil reais retirados do caixa, constituirão fatias para Karol e Silva, na proporção igual para cada um (ou seja, 50% para cada);

2. Desta forma, Karol terá investido R$ 500,00 e Silva mais R$ 500,00 – totalizando os R$ 1.000,00 gastos por Ana;

3. Para converter em Fatias essa contribuição, empregaremos a formula visto anteriormente: Fatias = Valor Justo de Mercado (ou) contribuição financeira correspondente X Multiplicador Financeiro.

4. Karol receberá as Fatias = R$ 500,00 x 4 (pois investiu dinheiro no caixa) = 2000 fatias;

5. Silva receberá as Fatia = R$ 500 x 4 = 2000 fatias.

6. No mês seguinte Ana pega R$ 4000,00 para comprar um freezer para a Loja. Para sabermos o quanto é devido em fatias para cada um, devemos dividir de forma igual entre os investidores do Caixa, como são duas pessoas, cada uma terá contribuído com R$ 2000,00. Por se tratar de contribuição financeira, vamos utilizar o multiplicador (x4) para saber quantas fatias compreenderá para cada investir (Karol e Silva); Fatias = R$ 2000 x 4 = 8.000,00 Fatias para cada um;

7. No terceiro mês, caso uma nova investidora, Maria, coloque R$ 15.000,00 no caixa; considerando que o caixa tinha R$ 20.000,00 no início (Karol e Silva), e que Ana gastou R$ 5.000,00 nestes dois meses – o caixa totaliza R$ 15.000,00 no terceiro mês.

8. Observa que Maria investiu metade do Caixa (R$ 15.000,00), portanto, detém 50%; enquanto Karol e Silva, detém cada um R$ 7.500,00, ou seja, 25% cada;

9. Suponhamos que Ana, faça um gasto no Caixa de R$ 10.000,00 no quarto mês. Logo: Maria detém R$ 5000,00 x 4 (multiplicador contribuição financeira) = 20.000 fatias; Karol e Silva, deterão cada um, R$ 2.500 x 4 = 10.000 fatias cada um.

Compreendeu como é feito o calculo de fatias em relação ao Caixa da empresa? Esse investidor que investe no caixa é chamado de investido anjo e quando ele investe esse valor, ele se comporta como se fosse um crédito disponível para a empresa, o qual somente será convertido em fatias quando for gasto.

Outra forma justa de investimento financeiro é quando o funcionário usa seu próprio dinheiro para pagar despesas da Startup.


Por exemplo: João empregado da empresa paga R$ 2.500 para um advogado redigir o contrato de clientes.

Em um cenário ideal era para a empresa ter dinheiro para cobrir essa despesa e reembolsar João, contudo, nem sempre a empresa consegue fazer isso no começo. Caso ela não possa pagar, esse investimento é considerado financeiro – assim, João terá direito a fatias 10mil fatias da torta (R$ 2.500 x 4).

Vamos supor que Ana decida reembolsar João para não gerar fatias para este funcionário, ela pode retirar os R$ 2500 do Caixa dos investidores anjo. Levando em consideração que o caixa atual (no quinto mês) é de R$ 20.000 [divididos entre Maria (50%), Karol (25%) e Silva (25%)]: teremos que Maria teria direito a 5.000 fatias (R$ 1250X4); Karol e Silva, cada um, teriam direito a 2.500 fatias cada um (R$ 625x4). Restando no Caixa o valor de R$ 17.500.

Concluindo que João seria reembolsado em R$ 2500,00 pelo valor pago do próprio bolso para o advogado, e assim, não teria assumido nenhum risco, não fazendo jus a fatias da torta.

Para o autor, pessoas que contribuem com a empresa, merecem uma fatia da torta, ainda que com despesas sem grande expressão econômica, pois isso motiva as pessoas a ajudar a Startup.

Assim, se um empregado faz empréstimos pessoais ou use seu próprio cartão de crédito em favor da empresa, esse dinheiro irá para o caixa, e as fatias divididas conforme forem gastas. Na hipótese da empresa gastar tal empréstimo imediatamente, deverá ser calculadas as fatias com base no Caixa.

Contudo, se o empregado emprestou apenas o dinheiro e receberá de volta, ainda que parcelado da empresa, não pode ser considerado como investidor anjo, e portanto, não deve receber fatias da empresa, pois não assumiu nenhum risco.

Formula:

Valor justo de mercado ou contribuição financeira ou não financeira = (é igual) a quantidade de dinheiro gasto.
Fatias = Valor Justo de Mercado ou Contribuição financeira ou não financeira (gastas) x Multiplicador correspondente (4 ou 2)
Para saber a participação individual (%) = Fatias individuais / Total de fatias de todo os participantes (Torta toda).

O que é o valor justo de mercado para pessoas contratadas pela empresa para trabalhar de Gerente de Marketing?

Vamos supor que este gerente é Sênior e receberia anualmente caso trabalhasse em outra empresa o valor de R$ 300 mil; imagine que a sua empresa só pode pagar metade deste valor anual para o empregado; as partes podem estabelecer que essa diferença de R$ 150 mil corresponderá ao valor a ser pagos em fatias, pois o empregado assumiu o risco de sair do outro emprego e apostou no sucesso da empresa. Desta forma, receberá R$ 150 mil (anual) x (2 – multiplicador não financeiro) = 300.000 mil fatias.

Quando alguém coloca um bem a disposição da empresa para uso ele deve ser ressarcido em fatias, caso a empresa não puder pagar. Para isso, devemos levar em consideração o tempo de uso do tempo antes de ser oferecido à empresa e a modalidade do contrato (se é por empréstimo ou compra e venda) na seguinte proporção:

a) Fatias (bens menos de um ano) = preço pago x multiplicador não financeiro (x2);

b) Fatias (bens mais de um ano) = preço de revenda (buscado em sites de revenda) x multiplicadores não financeiros (x2).


É importante diferenciar a intenção da pessoa. Para bens entregue para a empresa (compra e venda - por fatias) aplica-se o calculo acima conforme o preço de venda ou revenda depender da idade do bem.

Caso seja apenas um tipo de empréstimo com devolução ao final, a empresa deve calcular as horas ou o tempo de uso em forma de aluguel do bem, deve buscar no mercado qual a média de um alguém deste tipo de bem e multiplicar por 02 (multiplicador não financeiro).

a) Fatias (aluguel do bem, empréstimos com devolução) = média do aluguel x multiplicador contribuição não financeira.

É preciso ter bom senso com as contribuições não financeiras, por exemplo, coisas comuns que as pessoas levam para o serviço e de volta para casa não devem ser distribuídas fatias, como é o caso de canetas, clipes, notebooks pessoais, materiais de escritório para comodidade do usuário, entre outros.

Insumos da atividade e equipamentos são contribuições não financeiras, assim como qualquer caso em que o individuo contribua sem desembolso de dinheiro – tempo.

Fatia contribuições não financeiras = Valor justo de mercado x multiplicador (x2)

Deve ser ressaltado que se um indivíduo era Gerente de Marketing conforme mencionado acima e é contratado para um cargo menor dentro da empresa, como assessor, seu valor justo de mercado não se refere ao Cargo de Gerente de Marketing que possui experiência, mas sim a média paga aos assessores. Se a empresa não pode pagar seu salário, deve lhe conceder fatias para o cargo que de fato ocupa, de acordo com aquilo que o mercado está pagando na média.


Há uma liberdade de negociação em que a empresa pode definir tempo de prestação do serviço, salário + fatias ou mesmo apenas fatias, tudo dependerá das partes, contudo, a empresa somente deve pagar fatias quando não pode pagar em dinheiro.

Para o autor, com base na legislação norteamericana, um trabalhador trabalha em média 2000 horas (40hx50semanas). Dentro da startup, muitas pessoas extrapolam essas horas e outras dividem o tempo entre outro emprego e a empresa.

Por isso: o valor justo de mercado por tempo = Horas x taxa por hora trabalhada;.

As Fatias por hora trabalhada = Taxa por horas trabalhadas x multiplicador não financeiro (x2).

Assim, a Taxa por horas trabalhadas = Salário justo de mercado (anual) / horas trabalhadas durante o ano.

Exemplo – Gerente de Marketing (salário justo de mercado: R$ 150 mil/ano).

Taxa por horas trabalhadas = 150.000 / 44hx50semanas = R$ 68,16.

Pedaço por horas = R$ 68,18 x 2 (multiplicador) = 136,36 fatias/hora.

Valor Justo de Mercado tempo de trabalho = 2200h/a x R$ 68,18 = R$ 150 mil.

Total de fatias no período de um ano = 136,36 x 2200 = 300 mil fatias.

Ter um aplicativo para controlar o tempo gasto em cada atividade (vendas, desenvolvimentos, projetos, reuniões de fechamento...) é muito importante para fixar o valor justo de fatias.

As pessoas tem medo de que espertalhões minta seu tempo. Outra é fato de que pessoas experientes rendem mais do que as inexperientes em seu tempo produtivo o que aparentemente deixa injusto a divisão.

Contudo, é sempre melhor ter um controle de tempo de horários de início e fim de uma tarefa. É importante manter um bom relatório de tempo para definir as atividades e correções.

Caso a empresa necessite de serviços pontuais, o interessante é contratar freelancers, contudo, se a média/hora de mercado deste profissional caso trabalhasse para você for de R$ 20,00, por exemplo, é justo que você pague um pouco mais para o freelancer para incentivá-lo a terminar mais rápido sua atividade.

Por vezes a Startup contrata serviços ou profissionais dando a eles fatias, contudo, lá na frente intenciona comprar novamente o mais breve possível. Desta forma, quando a empresa precisar deste tipo de negociação, é justo que estabeleça um cronograma de pagamento a quanto maior o tempo para pagar, maior a porcentagem para comprar os pedaços de volta.

01 – mês – 100%; 02 – meses – 109% 03 – meses – 118%

04 – meses – 127% 05 – meses – 136% 06 – meses – 145%

07 – meses – 155% 08 – meses – 164% 09 – meses – 174%

10 – meses – 183% 11 – meses – 191% 12 – meses – 200%

Outro fator possível na Startup é que um ideia gere receita ou crie uma vantagem competitiva para empresa. Contudo é preciso ter um certo cuidado quando for remunerar este tipo de contribuição.

O autor trás algumas características que a ideia deve ter e a forma como remunerá-la de forma justa.

A) A ideia deve ser boa;

B) Original o suficiente para criar algum tipo de propriedade intelectual própria (patente/direitos autorais);

O colaborador somente irá receber receitas da ideia aproveitada. Da mesma forma, quem é bem relacionado e gere um valor para a empresa, ou seja, transforme em vendas, tem direito sobre a receita gerada.

Desta forma o autor afirma que o valor justo de mercado de uma ideia = Taxa de Royalties x Receita. Sendo que o Valor Justo de Mercado de uma pessoa bem relacionada = Venda X Comissão (sugerida de 5 a 10%).

Uma coisa deve ser ressaltada, a comissão deve ser paga de forma igual para todos os vendedores, contudo, nem todo mundo que vende tem direito a comissão. Os fundadores, outros gerentes seniores e assessores geralmente não devem receber comissões.

As comissões devem ser pagas preferencialmente quando o pagamento da venda efetivamente entrar nos caixa da empresa, isso evita de pagar valores que lá na frente possa dar errado e não reverter em valores para o caixa, ficando o vendedor com a comissão por algo que não gerou lucro para a empresa.

A empresa pode pagar taxas de corretagens para seus vendedores, lembrando que apenas corretores credenciados podem receber a taxa de corretagem, a qual deve ser fixada em 05 % quando o valor da venda não ultrapassar 01 milhão e de 2,5% sobre o restante que ultrapassar esse valor.

Valor Justo de Mercado da taxa de corretagem para venda acima de 01 milhão = (01 milhão x 5%) + (o restante x 2,5%).

Algumas pessoas podem encontrar parceiros ou fornecedores que ajudam o desenvolvimento da empresa, contudo, é importante não conceder fatias por isso. A remuneração correta para este caso é a “recompensa”. Para isso, o gestor pode alocar até 5% dos resultados obtidos e bonificar.

Valor Justo de Mercado para pessoas que indicam parceiros = ~5% x economia alocada ou um bônus único.

Lembrando que nem toda indicação ou ideia tem valor para a empresa e portanto, não merecem este tipo de remuneração.

Nos EUA é comum que empregados indiquem outros para trabalhar e que recebam por essa indicação bem sucedida, uma “taxa de referência”. Caso a Startup, deseje remunerar uma boa indicação profissional, o livro afirma que é preferível que aguarde no mínimo 06 meses para avaliar o contratado. Indicando que tal taxa deve figurar entre $ 250 e $ 500 (dólares).

Imóveis

No início a empresa terá dificuldade para se organizar quanto ao espaço para a atividade da empresa. Por isso, fatias é uma boa opção, mas deve ficar atento para não pagar fatias por espaços inúteis para a empresa.

Valor Justo de Mercado = Valor do aluguel de mercado estimado pelo espaço efetivamente usado pela Startup.

Estrutura de recuperação de Fatias

Depois de distribuir fatias para que as pessoas ajudassem no desenvolvimento inicial da empresa de forma a reduzir os custos, pode ser necessário recuperar algumas ou todas as fatias distribuídas (caso de saída de funcionários).

Os proprietários ausentes, ou capitais próprios mortos, é um risco que afasta investidores. Quanto mais pessoas detentoras de fatias e que não estão ativas na empresa, pior a situação e maior o risco. Por isso a importância de se ter regras bem definidas de recuperação de fatias a depender da natureza da separação ou da relação entre os indivíduos.

a) Despedido por uma boa razão;

b) Despedido por justa causa;

c) Resignado por uma boa razão;

d) Resignado por justa causa.

A demissão sem justa causa geralmente envolve desempenho insatisfatório. Por isso, antes de aplicar tal sanção é aconselhável dar oportunidade para que a pessoa melhore. Para isso, é importante que dê um feedback sobre onde a pessoa está errando.

A demissão por justa causa geralmente envolve faltas graves como roubos, assédio sexuais e morais, ameaças, abusos de drogas e comportamentos extremos. Assim, ser demitido por justa causa impacta negativamente na empresa, sendo justo que o empregado perca todas as fatias atribuídas a partir de suas contribuições – excetos a indenização por suprimentos, equipamentos, contribuições me dinheiro que serão calculadas sem os multiplicadores.

Ainda, à empresa deve caber o direito de comprar de voltas, embora não podendo obrigar, as fatias remanescentes sem os multiplicadores. Além de assumir o compromisso de não competir diretamente com a empresa, bem como abster-se de assediar empregados para irem embora com o demitido ou entregar informações sigilosas ou de processos internos da atividade da startup.

Já a demissão sem boa razão é justo que o empregado permaneça com todas as suas fatias, ele não é obrigado a vender, mas a empresa pode se oferecer para comprar. Assim, se o empregado se recusar a vender gerará um capital próprio morto. Outra opção seria oferecer um prêmio mais alto para convencê-lo a vender.


Aqui, além do empregado permanecer com seus multiplicadores, a empresa não pode obstar que o empregado trabalhe com o concorrente, contudo, a pessoa não pode roubar ideais e nem clientes – sendo indicado um contrato de confidencialidade e impedimento de contratar colaboradores da empresa por determinado tempo.

A resignação é um ato de que o empregado não é demitido, mas por decisões internas, como a sua troca de cargo ou função acaba por tornar inevitável essa decisão por parte do empregado com o tempo. Como por exemplo, um diretor executivo que foi rebaixado para a função de assessor, perdendo os salários e a vantagens do cargo anterior.

Para o resignado por uma boa razão pode ocorrer por alteração do título ou responsabilidades do empregado; alteração adversa que não afeta outros participantes do mesmo nível (não prevista no ordenamento brasileiro); mudança de endereço da empresa para mais de 100km do local original; morte ou invalidez.

Neste caso, não haverá perda dos multiplicadores das fatias, a empresa se oferecerá para a compra, mas o trabalhador não está obrigado a vender, não deve ser impostas obrigações de não concorrência.

Para o resignados sem nenhuma boa razão em que a empresa deu causa, como por exemplo situações particulares do empregado; questões pessoais; mudança de atividade; tudo aquilo que não tem ligação com a intenção da empresa.

Este colaborador perderá as fatias atribuídas por multiplicadores, com a recomprar de suas fatias para empresa e cláusula de não concorrência e não solicitação (esta última visa levar outros empregados com ele).

A empresa pode ter funcionários leais, pessoas que trabalham duro e com esforço, e quem as vezes precisam sair. Neste caso, é viável um acordo para reduzir seus horários na empresa e deixa-lo envolvido com menos tempos, mas mantendo sua participação ou mesmo estabelecendo uma afastamento temporário. É importante não fazer isso para demissões ou resignações por justa causa.

Preço da Saída – mas qual o valor ser pago pelas fatias?

O autor trás uma formula para chegar a este valor:

Preço Justo para saídas = Número de Fatias X o valor da moeda corrente do país adotada.

Por exemplo, se o contrato for a moeda nacional (brasileira), então o preço justo para saída de alguém que detenha 10 mil fatias, será igual a R$ 10.000,00 reais. Esse será o preço da compra das fatias. Caso a moeda adotada fosse em dólares o preço justo para a compra seria $10.000,00.

Lembrando que se o colaborador que der causa a saída da empresa, a ele caberá o ônus de perder os multiplicadores em tempo, dinheiro e outras contribuições, sendo ressarcido apenas dos valores que investiu.

Aquele que saí da empresa sem dar causa a sua saída ou é resignado sem motivo pela Startup, recebe suas fatias e mais os multiplicadores correspondentes, pois assumiu o risco junto à Startup e não merece perder suas contribuições.

Uma empresa que adota o modelo slicing pie deve saber que é muito importante recuperar as fatias após a saída de um membro da equipe para evitar proprietários ausentes. Por isso, deve ter cuidado com as pessoas que contrata ou demite, bem como com a distribuição de fatias.

Outro ponto que deve ser evitado é o que o autor chama de “Claw back”, ou seja, o empreendedor compra do demitido as fatias e depois demite todo mundo e compra as fatias antes de vender a empresa, desta forma, ele fatura sozinho.

Por esta razão é que deve existir uma cláusula de barreira de segurança, para que no período de um ano da compra das ações do demitido, caso a empresa ou partes sejam vendidas com um retorno maior do que o que vendeu suas fatias, a empresa deverá pagar a diferença. Contudo, não se aplica a quem for demitido por justa causa ou pediu para sair sem motivo justo da empresa.

Isso evita de que a equipe seja pega desprevenida com uma demissão em massa e recompra das fatias por um grupo menor da empresa, prevendo uma venda da startup.

Advertência

Um problema que se apresenta para a Startup é a remuneraçãoo dos Membros do Conselho, os quais geralmente são bem-sucedidos e com altos salários. Pagar em fatias para eles sem nenhuma limitação é tornar impagável suas fatias com o passar do tempo.

Por isso, deve-se limitar sua remuneração em 200 fatias por hora e pedir-lhes para contribuir com pelo menos 10 horas semanais.

Estas pessoas são imunes a demissão e também muito onerosos mantê-los. Assim, o Gestor deve fixar a remuneração por horas, desta forma pode optar por parar de usar os conselhos destes membros e consequentemente não terá que pagar fatias.

Os Conselheiros geralmente mantêm suas fatias e multiplicadores, salvo em caso de pedido do conselheiro para não mais trabalhar na empresa, o que seria uma demissão sem boa razão por parte deste e portanto, não faz jus aos multiplicadores.

Investidores que não podem ser demitidos

Amigos e familiares não podem ser demitidos quando seu principal papel for ser investidor. Essas pessoas mantêm as fatias e multiplicadores e não são obrigadas a vender suas fatias para a empresa. O que não impede de tentar comprar tais fatias com o multiplicador – X4.

Caso o investidor queira seu dinheiro de volta, ele terá, contudo sem os multiplicadores.

Aluguel e Royalties

Se o participante rescindido for proprietário das instalações da empresa e esta vai continuar no local sem dinheiro para pagar o aluguel, este proprietário continuará recebendo fatias, caso concorde.

Quem é dono de alguma propriedade intelectual continuará a receber as fatias, a menos que a empresa pague a ele os royalties.

O modelo slicing pie é para empresas iniciantes, até que ela sustente e produza lucro. Quando isso acontecer haverá um efeito de congelamento do bolo e as fatias não mudará. Desta forma, quando for a hora de dividir lucros da empresa, as pessoas receberão um valor justo conforme ao que contribuiu efetivamente para a empresa.

O objetivo da empresa é obter lucro de forma a pagar todas as contribuições não financeiras (aluguel, comissões, royalties e salários). Quando a empresa parar de usar o caixa e fatias para pagar (se sustentar) ela automaticamente congela o bolo.

A empresa que pagar 100% dos gastos e sobra dinheiro, gera lucro, o que deverá ser decidido se investe o lucro ou distribui entre os acionistas. Assim, quem entra depois da empresa se estabilizar não entra com participações, elas deverão receber salários justo de mercado.

Aqueles que já estavam na empresa e que dependiam de fatias para complementar seus salários, deverá receber apenas como salário, sem prejuízo dos lucros correspondentes às fatias que conseguiu antes da empresa se estabilizar.

Recomprar de fatias dos participantes = número de fatias x moeda usada para o negócio.

O gestor deve ter em mente o seguinte:

a) Ao comprar uma fatia de um participante ela deve voltar para a Torta para que seja recalculado as ações de todos os participantes detentores de fatias. O que significa que todos terão uma porcentagem maior;

b) Porém se um funcionário compra as fatias diretamente com outro, estas fatias são dele e passam a compor apenas sua distribuição de lucros, não retornam para a Torta para nova divisão. O Preço aqui é valor de mercado entre as partes e não valor da moeda escolhida.

As transações de venda de participações (fatias) não poderão ser de qualquer forma, o gerente deve determinar se eles vão permitir essa transação, pois não é recomendável autorizar vendas para terceiros fora da empresa, o que caracterizaria “proprietários ausentes”.

Investidores serie A

Quando uma empresa precisa de dinheiro e recebe uma parte de investimentos, mas não todo o necessário, chamamos isso de investir anjo (empréstimo irá para o Caixa).

Por outro lado, quando a quantia for substancialmente significante para satisfazer as necessidades do caixa da empresa no futuro, este tipo de investidor é considerado série A.

Este tipo de contrato é profissional e descreve todo tipo de coisa. Você deverá congelar a torta e todos os participantes estarão sujeitos aos termos destes investimentos série A.

É um momento importante em que a empresa deverá receber uma avaliação para determinar o valor subjacente das ações, motivo pelo qual é importante que esteja tudo em ordem para ser capaz de negociar um preço elevado.

Uma empresa com fluxo de caixa descente é igual a risco reduzido, quando menor o risco, não há necessidade distribuir participações (fatias), pois o ideal é que todos sejam pagos pelo seu trabalho de forma justa.

Neste estágio, as empresas já terão definida de forma justa as porcentagens de contribuição de cada um e com isso, uma divisão justa do lucro da empresa. Ao chegar na estabilidade não precisaram mais aplicar esse modelo e irão inicial uma transição para incentivos tradicional do mercado (como comissões, taxas de corretagens, bônus, salários e indenizações).

O presente artigo teve o objetivo de te dar uma visão panorâmica do método de divisão societária inicial. Com ele seu cliente poderá definir uma forma justa de construção das contribuições até a estabilização da empresa. O que difere da forma tradicional, pois evita acusações de que um sócio contribui mais que outro ou que a divisão está injusta, levando a descontentamentos e brigas dentro da sociedade.

A ideia do modelo de dividir e distribuir fatias para quem assume o risco junto com você no início e no final, meritocraticamente, quem fez mais receberá mais e quem se omitiu menos, levando ao inventivo de que todos invistam de forma a crescer o negócio, a medida que fazem parte da torta.



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