1984: Ainda é relevante? As suas críticas feitas na década de 50, ainda preocupam o leitor? Qual o paralelo podemos traçar entre a obra e os cenários políticos atuais?
Olá, sejam bem vindos ao canal. Neste vídeo, vamos abordar um livro que marcou época e continua relevante até os dias de hoje: '1984', de George Orwell."
"1984" é uma obra de ficção distópica publicada em 1949, que se passa em um futuro sombrio e totalitário. A história acompanha Winston Smith, um cidadão comum que vive em um país fictício chamado Oceânia, dominado por um governo autoritário conhecido como Partido.
Winston trabalha no Ministério da Verdade, onde sua função é reescrever e manipular registros históricos para adequá-los à versão oficial do Partido. Ele começa a questionar o regime opressivo e se envolve em atividades clandestinas que desafiam o governo. Ao longo da narrativa, Winston se envolve em um relacionamento proibido com uma mulher chamada Julia e entra em contato com uma organização de resistência conhecida como A Confraria.
O cenário criado por Orwell em "1984" retrata uma sociedade extremamente repressiva e controladora, onde o Partido busca exercer controle absoluto sobre a vida dos cidadãos.
Alguns elementos-chave do cenário distópico incluem:
Vigilância total: O governo do Grande Irmão, líder supremo do Partido, monitora constantemente os cidadãos através de teletelas, ou seja, dispositivos de vigilância presentes em todos os lugares. Elas estão em todo o lugar, e as pessoas com medo evitam sair de seus olhares para não serem confundidas com traidores. Não há privacidade, e qualquer comportamento considerado desviante é punido.
Outro ponto é a Manipulação da informação: O Ministério da Verdade é responsável por reescrever a história e controlar a narrativa, disseminando informações falsas para manipular a percepção da realidade pelos cidadãos. O lema do Partido é: "Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado."
O Duplipensar: É um conceito fundamental do regime totalitário retratado no livro. Refere-se à capacidade de manter simultaneamente duas crenças contraditórias em mente e acreditar que ambas são verdadeiras, aceitando a contradição sem questionar.
No contexto do livro, o Partido incentiva o duplipensar para controlar e manipular os pensamentos e as percepções dos cidadãos. Eles são ensinados a aceitar e abraçar ideias contraditórias, mesmo que sejam absurdas ou ilógicas. Isso tem o objetivo de controlar o pensamento crítico e garantir a lealdade inquestionável ao Partido.
Por exemplo, o Partido afirma que "A liberdade é a escravidão" e "A guerra é a paz". Os cidadãos são condicionados a acreditar nessas afirmações contraditórias e não questioná-las. Eles são treinados a ignorar as contradições e a aceitar qualquer informação fornecida pelo Partido como verdade absoluta, mesmo que vá contra sua própria experiência ou lógica.
O duplipensar permite ao governo controlar a narrativa, manipular a história e manter o poder absoluto sobre a população. Os cidadãos são constantemente submetidos a uma enxurrada de informações contraditórias e são incapazes de discernir a verdade, o que os mantém submissos e incapazes de questionar ou desafiar o regime.
Culto à personalidade: O Grande Irmão é constantemente venerado e idolatrado pelos cidadãos. Sua imagem está em toda parte, reforçando a devoção cega ao líder e a submissão ao regime. Ninguém sabe ao certo se o Grande Irmão existe de fato e isso não importa.
A Liga Juvenil Antissexo e a doutrinação das crianças: O Partido controla todos os aspectos da vida dos cidadãos, inclusive sua sexualidade e a relação entre adultos e crianças.
As Ligas Antissexo são organizações criadas pelo Partido com o objetivo de reprimir e controlar a sexualidade dos cidadãos. Através dessas ligas, o Partido incentiva a abstinência sexual e desencoraja qualquer forma de intimidade e prazer sexual. O sexo é considerado uma atividade perigosa que pode distrair os cidadãos de seu dever para com o Partido e a causa coletiva. O Partido busca enfraquecer os laços emocionais entre as pessoas, impedindo a formação de relações pessoais profundas e intimidade romântica, favorecendo assim a lealdade exclusiva ao Estado.
As Crianças representam um papel fundamental no regime, as quais são recrutadas e doutrinadas pelo Partido para espionar e relatar qualquer atividade suspeita ou comportamento não conformista por parte dos adultos, incluindo seus próprios pais. Elas são incentivadas a vigiar seus familiares, amigos e professores, e são treinadas para identificar qualquer sinal de deslealdade ao Partido. As Crianças Delatoras são uma ferramenta eficaz de controle, pois o medo de ser denunciado por uma criança leva os adultos a se autocensurarem e a desconfiar uns dos outros, criando uma atmosfera de desconfiança e paranoia generalizada. Essas duas instituições, as Ligas Antissexo e as Crianças Delatoras, desempenham um papel crucial na manutenção do controle e da opressão no mundo distópico de "1984". Elas exemplificam a maneira como o Partido busca controlar até mesmo os aspectos mais íntimos e pessoais da vida dos cidadãos, invadindo sua privacidade e minando seus relacionamentos pessoais. Essas práticas representam a perda da liberdade individual e a imposição de uma conformidade absoluta aos valores e ideologia do Partido.
Crimepensar ou pensamento crime: O conceito de "pensamento crime" ou "crimepensar" em "1984" se refere à ideia de que certos pensamentos, crenças ou questionamentos são considerados crimes pelo regime totalitário do Partido. O Estado de Oceânia, no livro, busca controlar não apenas as ações das pessoas, mas também seus pensamentos mais íntimos.
O crimepensar é baseado na premissa de que a lealdade absoluta e a conformidade às ideias do Partido são obrigatórias. Qualquer pensamento ou dúvida que vá contra as doutrinas estabelecidas pelo Partido é considerado um crime contra o Estado. Isso inclui questionar a autoridade do Grande Irmão, duvidar da veracidade dos fatos apresentados pelo governo ou até mesmo desejar a liberdade individual.
A vigilância constante exercida pelo Estado, por meio da Polícia do Pensamento e das teletelas, visa detectar qualquer sinal de pensamento criminoso. Aqueles que são acusados de crimepensar são submetidos a interrogatórios, torturas e lavagem cerebral, com o objetivo de forçá-los a se conformar com a ideologia do Partido.
Novafala: A Novafala, desempenha um papel fundamental no controle da linguagem em "1984". Através da manipulação da linguagem, o regime totalitário busca restringir o pensamento e limitar a capacidade das pessoas de expressar ideias e conceitos que possam ser considerados subversivos ou contrários à ideologia do Partido.
Por exemplo, é proibido dizer o “banheiro está livre”, pois livre é um conceito que não existe em novafala, desta forma, o Partido troca a expressão por “o banheiro está em desuso”.
A importância da Novafala reside no fato de que a linguagem influencia diretamente o pensamento. Ao reduzir o vocabulário e simplificar a gramática, a Novafala busca limitar a capacidade das pessoas de expressar conceitos complexos e nuances de pensamento. O objetivo é eliminar palavras e termos que possam permitir a expressão de ideias contrárias ao Partido e promover a obediência cega às suas doutrinas.
Além disso, a Novafala busca redefinir os significados das palavras existentes, alterando sua conotação e limitando seu alcance semântico. Dessa forma, o Partido controla não apenas o que as pessoas dizem, mas também o que podem pensar. Ao manipular a linguagem, o Partido busca restringir a capacidade de pensamento crítico e moldar a realidade de acordo com seus interesses.
Através da Novafala, o Partido procura eliminar a possibilidade de rebelião ou resistência ao seu poder. Ao restringir a linguagem e limitar o acesso a conceitos que possam desafiar o regime, o Partido busca assegurar que as pessoas não tenham meios de expressar ou comunicar ideias subversivas. Isso contribui para a manutenção do controle absoluto do Estado sobre a população, criando uma sociedade em que o pensamento livre é suprimido e a conformidade é imposta.
Observe a ironia apresentada no livro, pois os Ministérios do regime totalitário, trazem um conceito de duplipensar, a medida que o:
Ministério da Paz é responsável pela guerra e pelo controle da população através da propaganda e do medo constante de um inimigo externo.
O Ministério da Verdade é Encarregado de reescrever e distorcer a história, manipulando informações e controlando a narrativa para garantir a conformidade com a ideologia do Partido.
E o Ministério do Amor : Responsável pela vigilância, tortura e repressão dos dissidentes. O Ministério do Amor é o mais temido, pois é onde ocorrem as punições mais severas e a reeducação dos indivíduos que ousam desafiar o regime.
Esses elementos combinados criam uma atmosfera de opressão, medo e desesperança, onde a individualidade é suprimida e a busca pela liberdade é constantemente reprimida.
A distopia retratada em “1984” serve como um aviso sobre os perigos do totalitarismo, a manipulação da informação e a perda dos direitos individuais. A obra continua relevante até os dias de hoje, despertando reflexões sobre o poder do Estado, a liberdade de expressão e a importância da vigilância e do questionamento constante para preservar os valores democráticos.
Uma das semelhanças entre a ficção de "1984" e a realidade atual é a manipulação da informação. No livro, o Partido controla a narrativa, reescrevendo a história e distorcendo os fatos para se adequarem à sua ideologia. Isso nos remete a situações contemporâneas em que vemos governos autoritários ou regimes populistas tentando controlar a mídia, restringir a liberdade de imprensa e disseminar desinformação para moldar a opinião pública.
Além disso, o livro aborda o tema da vigilância constante e invasão da privacidade. Hoje, vivemos em uma era de avançada tecnologia de vigilância, onde governos e empresas têm acesso a um grande volume de dados pessoais, levantando questões sobre a privacidade e o potencial abuso de poder.
Nossos celulares nos acompanham em todos os momentos de nossa vida, estamos constantemente compartilhando informações sobre onde estamos, o que gostamos de ler, ouvir, assistir, quais nossas dúvidas, interesses, doenças. Essas informações estão em domínio de diversas instituições privadas e públicas, e alimentam nossos medos e paranoias, a nossa vida toda, está em uma conta na google, por exemplo, e a google sabe o que queremos. Adicione isso, a um discurso totalitário e somos levados a ter opiniões que alguém pode desejar que tenhamos.
Existem exemplos de governos autoritários ao redor do mundo que abusam do poder, restringem liberdades civis e controlam a população de maneira opressiva. Um exemplo atual é o regime da Coreia do Norte, onde há um culto à personalidade em torno do líder, censura rigorosa, restrição à liberdade de expressão e violações dos direitos humanos.
Outro exemplo é o governo da China, que exerce um controle rígido sobre a informação, censura a internet e utiliza sistemas de vigilância em massa para monitorar seus cidadãos. Também há registros de violações dos direitos humanos e repressão a dissidentes.
E atualmente, não podemos descartar o Brasil, a medida que com a volta do governo populista e alinhado às ideias do BRICS de controle de informação e da imprensa, fortalecido pelo discursos totalitário e perigoso de que é preciso defender a “verdade”, contraditoriamente, reduzindo e controlando os meios de informações. A população brasileira é levada a crer que as “fake news” precisam de um controle por parte de um órgão legitimador. No Brasil, este órgão seria o Judiciário em destaque, e o grupo globo e suas subsidiárias. Sendo que as informações que não interessam a narrativas de interesse político, são rapidamente contestadas como “fake news”, contas são cassadas unilateralmente e fechadas, marginalizadas e criminalizadas. Embora a Constituição preveja a garantia fundamental da liberdade de expressão e opinião, e os remédios em caso de excessos ao resguardar a reparação civil e direito de respostas. Tornou-se comum o pluripensar em relação às "Fake News” é preciso garantir a liberdade de opinião restringindo a opinião, é preciso garantir a liberdade de informação, controlando a imprensa, é preciso fortalecer a democracia, controlando que pode e o que pode ser dito.
O algoritmo tem empobrecido o repertório da população em um contexto global, pois cada rede social maximiza seus ganhos através de manipulação de usuários ao direcionar uma enxurradas de vídeos curtos e interações que são em sua maioria parecidas entre si e que a probabilidade das pessoas permanecerem são altas. E esse empobrecimento intelectual tem se tornado uma perigosa arma política, a medida que pessoas interessadas em construir audiência e sem compromisso com o conhecimento, mas seguindo as chamadas trends, manipulam o pensamento de seguidores leais, constroem autoridade sem conhecimento científico do que é dito e muitas das vezes, são patrocinadas por interesses de alguém.
Esse controle e manipulação de massa está cada vez mais presente na política. Forças políticas em que um candidato agrada os interesses de empresas de busca na internet ou redes sociais são sutilmente favorecidas em detrimento de outros, quando você busca por uma informação, ela pode vir sutilmente na primeira página ou nas indicações de leitura, enquanto outras vêm deslocadas para segunda página de busca. Você sutilmente é direcionado a assistir vídeos curtos de determinada pessoa, ou de determinada ideologia, ou narrativa. Esse problema de manipulação de dados e de informações vem causando dúvidas sobre a legitimidade das eleições no mundo, provocando um bipolarização de pensamento entre as pessoas que não demonstram interesse em um tema, acaba sendo privado de observar o outro lado, sendo incentivado a continuar mergulhado em seu mundinho digital, em contato com os seus pares de opinião unilateral.
Há um incentivo explícito para que mitiguem a privacidade. Para ter acesso a um smartphone eu preciso cadastrar uma conta, da qual não posso restringir meus dados, apenas aceitar compartilhar tudo sobre mim, as redes sociais são pensadas e direcionadas para que eu me ridicularize, que poste minha preferências, minhas escolhas, meus sucessos, onde estou, o que estou fazendo, ou seja, nosso narcisismo é alimentado como uma virtude. Nunca o “eu” teve tanta força na sociedade. E por mais que a sociedade moderna negue a si mesmo, nossas opiniões fazem parte de uma estrutura fundamental daquilo que desejamos consumir na internet, daquilo que o algoritmo sabe que irá fazer explodir nossa dopamina. Para muitos, podem ser gatinhos fofinhos, outros conteúdos de nudez, alguns conteúdo de violência explícitas… o fato é que todos estão emergidos em uma realidade alienante e sem resistência a frustração.
1984, foi um livro que me ajudou a sair dessa "caixinha" de discursos floridos e desconexos com a realidade. Um livro que me fez interessar pelo tema de manipulação de massa, o poder do discurso e a importância das palavras presente neles. Como a imprensa pode influenciar a verdade ou nem dizê-la toda; que aquele professor exaltado e convincente, nem sempre detém toda a razão.
O livro é realmente incrível e algumas coisas são visíveis nas sociedades modernas. Basicamente, o autor, traz um mundo dividido em três grandes nações: Eurásia, Lestásia e Oceania. As quais viviam em suposta guerra entre si, embora o livro deixe transparecer que a guerra seja apenas um pretexto, pois o Partido vive alternando os inimigos e aliados, sem que a população se importe contra quem está lutando.
O livro fala do discurso de poder. Como a imprensa é usada pelo governo para produzir e distorcer a verdade, e, como essa repetição de notícias falsas criam uma verdade sólida e apaga o passado da mente das pessoas. Está presente o poder de reescrever os fatos, como deter a forma que os fatos são contados para as futuras gerações é poderoso. O Partido não se limita a retirar livros de circulação, ele reinventa a história, o Grande Líder, é uma figura imortal, ele nunca erra em suas previsões, se algo que prejudica os interesses do partido, a história muda. Se o inimigo era a Lestásia e agora é a Eurásia, a história é toda reescrita de forma que sempre fora a Eurásia o inimigo.
É marcante o uso das palavras e da linguagem nesse processo, como o totalitarismo utiliza o vocabulário de "Novafala" para criar sua identidade e reforçar o domínio sobre a massa. Se o totalitarismo controla tudo, portanto, palavras como "livres", "liberdade" e "igualdade", não devem existir em nova fala, pois é um conceito que as pessoas não precisam compreender e se não compreendem não existem.
Além do idioma, o "Partido" cria um discurso de urgência e escassez o tempo todo, isso é transmitido pela "teletela", as notícias são elaboradas por relatórios sempre positivos e acima das previsões do Grande líder. Embora falte produtos simples ao dia a dia, a produção noticiada é sempre acima da expectativa.
Outro fator, é a criação de um suposto inimigo, Emanuel Goldstein, o qual as pessoas pensam ser o responsável pelos erros e sabotagens do Partido. Esse inimigo é incentivado a ser odiado e temido sem qualquer prova de sua existência, sendo que para as pessoas que não seguem as regras do partido, acabam sendo consideradas traidoras e influenciadas por este inimigo - condenadas a retratação, a morte física e documental, apagando qualquer registro de sua existência.
Goldstein é o líder da confraria e basicamente é uma criação do partido para atrair aqueles que não conseguem seguir a doutrina e acreditam numa revolução. É um mito que atrai as pessoas contrárias ao partido e quando atraídas, a polícia das ideias está esperando.
O "Partido", controla a produção e distribuição de alimentos e insumos, mantendo apenas o suficiente, embora nem sempre compreenda as necessidades das pessoas e essa escassez beira a falta absoluta.
Aos membros do partido é concedido pequenas extravagâncias, as quais são formas de controle desta classe, que se sentem felizes por essas excentricidades e portanto, privilegiadas e defensoras ferrenhas do Partido.
As instituições do Estado são controladas e responsáveis por adotar um discurso e reforçar as palavras do líder.
Os proletas são a maioria e o Partido lhes controlam com produções massificadas de músicas, pornografias, filmes, bebidas e vícios mundanos. Estes são considerados uma massa que embora maioria, se concentram apenas em trabalho e em seus vícios. O Partido somente interfere quando surgem proletas proeminentes ou articuladores, os eliminando rapidamente.
A tortura é a forma como o Ministério do Amor quebra mentalmente os membros do Partido, até o ponto deles perderem totalmente a noção da realidade, presente e passado, e declararem seu amor ao Grande Líder, implorando pela morte, em razão dos supostos crimepensar que cometera contra o Partido. Todos são quebrados, julgados em público e confessam seus crimes, alguns vivem um pouco de volta na sociedade, mas uma coisa é certa, todos morrem.
Obviamente o livro é uma ficção de horror histórico, embora Orwell tenha desprezado algumas variáveis que talvez impediria esse controle tão extremo do Partido, é inegável que as coincidências na sociedade moderna, preocupam e aterrorizam o leitor.
É fácil perceber que estamos sobre o efeito da teletela, acordamos com ela, comemos com ela, vivemos com ela, ela nos espia, traça perfis psicológicos, sugestiona, conhece nossos segredos, nossas intenções, acumula seus dados e pensamentos, distribuindo na rede de computadores para interesses mais variados. Todos temos smartphones, ele controla nosso tempo e nossa vida, você cria um usuário no provedor mais famoso do mundo e a partir daí sincroniza toda sua vida.
Imagina um poder de sugerir, sugestionar, saber sua fraqueza, ditar tendências nas mãos e para fins políticos, como já vem acontecendo nas eleições.
Você já reparou na briga pelo idioma e pelas palavras travadas entre partidos políticos no Brasil? O excesso de emprego de palavras para influenciar os leitores como "lacração" "empoderamento", "todes", “patria”, “familia”, "pelo brasil". Já parou para pensar no porquê?
Expressar uma opinião é quase sempre ter que escolher um lado, se você diz algo sobre a política nacional, você está criticando um ou outro, é proibido equilibrar o pensamento. O objetivo do país não é crescer, mas sim provar que um ou outro está errado, mesmo que isso seja um retrocesso.
Orwell acertou em um ponto em considerar que o capitalismo evoluiria ao ponto de que alguns grupos setoriais dominariam o controle sobre a produção e das classes mais baixas. É que podemos verificar atualmente com os conglomerados de empresas que tendem a financiar e exercem evidente pressão políticas sobre o Estado e interferem nos interesses da coletividade principalmente na mitigação das políticas de seguridade social.
As notícias de corrupção envolvendo políticos e empresas tornaram-se uma constante, principalmente em países emergentes. A medida que a população parece se indignar, o próprio Estado cria uma um aparato legal, uma lei, que concede validade e renova a confiança das relações entre empresa e sociedade.
Observe a lei anticorrupção, os acordos de leniências, a lei de ficha limpa, de licitações, anticrime… essas leis convencem a opinião pública de que a relação é transparente, de que seguindo “um processo” os criminosos se redimem, tornam-se honestos e confiáveis, mas na prática, os acordos obscuros já estão determinados. Essas empresas ou líderes políticos estão acima de suspeitas e da aplicação da lei, caso seja necessário aplicar a lei para acalmar a população, já está definido quem levará a culpa e acordos de condutas serão ajustados, delações, não persecução penal... Você é enganado de que a resposta Estatal veio, os ânimos se acalmam e tudo continua como está.
O problema é estrutural, na prática não importa se é o capitalismo ou comunismo, se um país é social ou liberal, o resultado da equação é sempre o mesmo, o discurso torna palatável o governo instaurado para opinião pública, por trás dele, haverá sempre o interesse de um setor subjugando os interesses da coletividade. Não importa a forma de governo.
Obviamente, a realidade de Orwell era outra, suas previsões eram baseadas na Guerra-fria e nos possíveis resultados dela. Do perigo de uma guerra nuclear e da tendência militarizada das relações internacionais. Era uma linha fictícia que o autor sabia que não chegaria, mas que assusta pela proximidade em que os governantes totalitários ou próximos dessas estruturas ideológicas transitam ao longo da história, e principalmente, a proximidade que vemos hoje em comparação com a nossa sociedade como um todo.
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