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Como Aproveitar Melhor o seu Tempo | Sêneca [ESTOICISMO]

Atualizado: 17 de nov. de 2023

Em um mundo acelerado, onde cada minuto parece valer seu peso em ouro, há uma voz do passado que ecoa através dos séculos, lembrando-nos da importância de nosso recurso mais precioso: o tempo.


Hoje, embarcaremos em uma jornada de sabedoria filosófica e introspecção, enquanto exploramos uma carta que transpassa o tempo. Ela foi escrita por Sêneca, o grande filósofo romano, para seu amigo Lucílio, e traz consigo lições que ressoam tão profundamente hoje quanto na Roma Antiga.


Sêneca faz parte da terceira fase do estoicismo, o estoicismo imperial. Ele foi um proeminente político romano, na era do império de Calígula até Nero. Sua história é controversa, pois como um adepto do Estoicismo, conciliava sua vida política com as bases desta doutrina filosófica secular.


Neste tempo, o Estoicismo pós-Zenão ganhou um aspecto que se aproxima à religião dos dias de hoje, e era seguido pelas classes sociais mais abastadas.





Sêneca não foi um estoico capaz de orgulhar a Zenão e a Crisipo, pela sua dedicação à vida pública e a relação de submissão ao despotismo de seu pupilo Nero, o qual o sentenciou à morte mais tarde. Porém é inegável que as habilidades políticas e da dramaturgia de Sêneca, proporcionou um grande acervo sobre as diferentes perspectivas sobre as dores humanas e sentimentos perante o mundo, em que Sêneca esclarece a seus amigos mais íntimos as bases estoicas para solucionar essas dúvidas da alma.



Na carta um de Sêneca, intitulada "Sobre aproveitar o tempo". Ele saúda Lucílio, o destinatário da carta, e introduz o tema da carta dizendo que certos momentos são arrancados de nós, que alguns são removidos suavemente, e que outros fogem além de nosso alcance.



Sêneca incentiva Lucílio a valorizar e aproveitar seu tempo, que muitas vezes é desperdiçado ou perdido involuntariamente. Ele destaca que certos momentos são tirados de nós, outros passam suavemente, e alguns escapam sem que percebamos. Contudo, a pior perda, segundo Sêneca, é aquela causada por negligência, ou seja, devida ao descuido.



Assim, orienta Sêneca, se você prestar atenção ao problema, você verá que a maior parte de nossa vida passa enquanto estamos fazendo coisas desagradáveis, uma boa parte enquanto não estamos fazendo nada, e tudo isso enquanto estamos fazendo o que não se deveria fazer.


Ou seja, passamos tanto tempo envolvido em coisas inúteis para nosso bem estar, que se por outro lado investíssemos nosso tempo em coisas produtivas, em nossa família, nossos hobbies, em nossos estudos e desenvolvimento, seríamos seres humanos bem melhores.


Sei que você passou por isso, todos nós passamos. Eu me pego fazendo isso às vezes. Você lê uma reportagem ou um comentário que te desagrada e se sente no dever de provar seu ponto de vista, como que fosse sua obrigação mudar a opinião alheia. Perdemos horas do nosso dia discutindo com pessoas que nem conhecemos e nem iremos conhecer. Podíamos estar fazendo coisas mais agradáveis, conversando com um ente querido, lendo algo que melhor nos agrada, fazendo um lazer. Percebe como é importante filtrar as coisas que tomam nosso tempo?


Sêneca ainda prossegue: qual homem você pode me mostrar que coloque algum valor em seu tempo, que dá o devido valor a cada dia, que entende que está morrendo diariamente?


Pois estamos equivocados quando pensamos que a morte é coisa do futuro; a maior parte da morte já passou. Quaisquer anos atrás de nós já estão nas mãos da morte. Portanto, mantenha cada hora ao seu alcance. Agarre a tarefa de hoje, e você não precisará depender tanto do amanhã. Enquanto estamos postergando, a vida corre..



Nada, é nosso, exceto o tempo. A natureza nos deu o privilégio desta única coisa, tão fugaz e escorregadia que qualquer um pode roubar tal posse.


Que tolos nós somos! Permitimos que as coisas mais baratas e inúteis, que podem ser facilmente substituídas, sejam contabilizadas depois de terem sido adquiridas; mas nunca se consideram em dívida quando recebem parte dessa preciosa mercadoria, o tempo! E, no entanto, o tempo é o único empréstimo que nem o mais agradecido destinatário pode pagar.


Sêneca desafia a encontrar alguém que realmente valorize seu tempo e entenda que a morte é iminente. Ele sugere que a maior parte da nossa vida já está nas mãos da morte, e, portanto, é essencial aproveitar o presente ao máximo, não adiando o que pode ser feito agora.


Ele enfatiza que o tempo é o único recurso verdadeiramente valioso que possuímos. Ele critica a tendência das pessoas em dar valor a coisas baratas e substituíveis, enquanto não reconhecem o valor do tempo.


Para Sêneca, você pode desejar saber como ele, o qual escreve está carta, está praticando o tempo. E Confessa francamente que em sua época o seu saldo em conta corrente é como o esperado de alguém generoso, mas cuidadoso. Não era caso de vangloriar-se de não desperdiçar nada, mas pelo menos podia dizer o que estava desperdiçando, a causa e a maneira de desperdício.


Ainda, Sêneca era capaz de dar as razões pelas quais era um homem pobre em tempo. Pois ele também se vê como alguém imperfeito e humano, a sua situação, no entanto, é a mesma de muitos que são reduzidos a miséria sem culpa própria, tomado por obrigações e responsabilidades cotidianas: todos os perdoam, mas ninguém vem em seu socorro.


Desta forma, Sêneca questiona: Qual é o estado das coisas, então? Você sabe bem com que gasta seu precioso tempo? Essa coisa que lhe rouba o tempo trará que benefício para a sua paz, segurança e tranquilidade?


Para o filósofo, o tempo é como um investimento ou um empreendimento, não se pode buscar tempo de qualidade sem ter um capital gasto. Você terá de si mesmo uma perda de tempo ao investir em coisas úteis e importantes, porém deve ser visionário para saber qual retorno lhe trará esse precioso investimento, pois se falhar no seu empreendimento, nunca mais terá de volta seu capital investido, pois a cada milésimo de segundo, andamos para mais perto da morte.


Assim, ele resume que não considera um homem como pobre, se o pouco que lhe resta o é suficiente. Contudo, aconselha a este homem a preservar o que é realmente seu; e nunca é cedo demais para começar. Pois, como acreditavam os nossos antepassados, é demasiado tarde para gastarmos quando chegarmos à raspa do tacho. Daquilo que permanece no fundo, a quantidade é pouca, e a qualidade é vil.


Por isso, observando essa magnífica carta de Sêneca, refletimos que o tempo é algo curto em nossa vida, a dias atrás, eu tinha 16 anos, cheio de sonhos e perspectivas, hoje na casa dos 30, percebi o quão rápido passa o tempo, como as oportunidades se desenrolaram em minha vida e como minha dedicação a certas coisas me trouxeram paz e tranquilidade. Como eu poderia ter desenvolvido melhor meus potenciais se tivesse a experiência que tenho hoje, e como essas experiências me oportuniza a me tornar mais humano, mais forte e mais coerente em meu ser e a agir.


Se você é jovem, não pense que terá o tempo todo a sua frente, pois não terá, logo logo, a vida adulta vai te atingir como uma pedrada no estômago, a sua capacidade de lidar com os problemas será como a musculatura do seu abdômen, a qual quanto mais enrijecida pela frequência em que prática o fortalecimento dela por meio de atividade física, menor será-lhe o dano e dor quando as responsabilidades lhe atingir.


Se você já viveu uma boa parte de sua vida, a partir de agora, faça uma avaliação sobre o que você plantou até então, verifique os investimentos inúteis que vem fazendo em sua vida e comece a corrigir.


Leia mais, converse mais com amabilidade com sua esposa, filhos e amigos, viaje ainda que perto, dedique-se a hobbies, cuide de sua saúde e de seu corpo, tire tempo para colocar seus pensamentos em ordem, aproveite a vida quando estiver ocioso das responsabilidades inadiáveis.



2 comentários

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Guest
Jul 03
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Muito bem, meu jovem

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John
John
Aug 31
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Obrigado por comentar no nosso artigo. Tenha uma ótima semana.

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